Redutor de velocidade é mais chique que lombada, e muito mais do que o velho e imbatível quebra-molas. Em todo caso, depois de uma série de barbaridades próprias de nosso trânsito, eis que colocaram – ou montaram? – uma baita lombada na rua em que mora o professor Afronsius. Quase em frente. Verdadeira paliçada.
– Resolveu? – interessou-se Natureza Morta.
– Regular do meio. A turma não obedece limite de velocidade nem dentro de condomínio…
Assim, muita gente que anda em alta velocidade tem sido pega de surpresa pela lombada. E é um tal de guincho (não o reboque, mas o tal som agudo e inarticulado) de freada brusca seguido do já característico clanc! cabum!
– Ascensão, três pontinhos, e queda – explicou professor Afronsius.
O que fica espalhado pelo chão…
Pesquisa de campo no asfalto
Três meses após a implantação da lombada, professor Afronsius decidiu fazer uma pesquisa de campo. Ou de asfalto. O resultado do inventário foi surpreendente. Os mais afoitos ao volante, no guidão de moto e de bicicleta deixaram um rastro incrível, como se verá, em seguida, pelas anotações do vizinho de cerca (viva) da mansão da Vila Piroquinha:
– 3 perucas (duas femininas e a outra masculina).
– Óculos (7).
– Galões de água mineral (5, dois vazios e 3 que explodiram na queda).
– 5 cartões do EstaR (3 já utilizados).
– 13 capacetes de motoboy.
– Gorros e chapéus (2 exemplares).
– 1 capacete de aço – da I Guerra Mundial.
– 2 Elmos.
– 38 celulares das mais variadas marcas e operadoras.
– Selim de bicicleta (1).
– Guarda-chuva (4, mais uma galocha, um pé).
– Dentadura (1, mais dois pivôs quase intactos).
– Cuias de chimarrão (2, mais 1 bomba de).
– 1 timão (minúsculo mesmo; timão de navio, não do Coringão do Oscar Aranha).
– 3 dragonas (uma de oficial e as outras de sargento).
– 1 bomba de encher pneu de bicicleta.
– 1 vaso noturno (sic).
– 1 cachorro que caiu da mudança, sem lenço nem documento muito menos carteira de sócio patrimonial de algum pet. (Coisa de pobre)
– 1 tábua de lavar roupa (ainda a mesma mudança de pobre?)
– 1 gárgula (souvenir de algum turista que foi a Paris?)
Da física à eletrônica
No embalo, a Seção Achados&Perdidos, exclusiva do blog, aproveitou para informar que, em matéria de lombadas, Curitiba saiu na frente. A lombada eletrônica nasceu na capital, em 1992, criada pelos engenheiros da Perkons S/A. E as primeiras unidades foram instaladas aqui a título de teste, levantamento de dados e pesquisa. Hoje, o dispositivo criado para evitar acidentes com a barreira física (lombada), além de referência em fiscalização de trânsito, é marcado como uma invenção genuinamente curitibana. E corre o mundo.
ENQUANTO ISSO…