Mania ou esquizofrenia? O professor Afronsius, leitor assíduo da Revista Pesquisa, chegou à cerca (viva) da mansão da Vila Piroquinha recomendando, de maneira entusiástica, a matéria “As linguagens da psicose”, texto de Carlos Fioravanti. Saiu na edição deste mês da publicação da Fapesp – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo.
– Concordo. Eu já li e ia fazer o mesmo. Recomendá-la – devolveu Natureza Morta, enquanto Beronha se aproximava para o tradicional rescaldo do café (de coador) da manhã, com Vodka Bakunin.
A partir do sonho
Basicamente, a revista informa que “a abordagem matemática evidencia as diferenças entre os discursos de quem tem mania ou esquizofrenia”.
Para a realização do estudo, entrevistados relatavam um sonho. As palavras mais importantes eram convertidas em pontos e as frases em setas para examinar a estrutura da linguagem
Segundo a matéria, “para os psiquiatras e para a maioria das pessoas é relativamente fácil diferenciar uma pessoa com psicose de quem não apresentou nenhum distúrbio mental já diagnosticado: as do primeiro grupo relatam delírios e alucinações e por vezes se apresentam como messias que vão salvar o mundo. Porém, diferenciar os dois tipos de psicose – mania e esquizofrenia – já não é tão simples e exige um bocado de experiência pessoal, conhecimento e intuição dos especialistas”.
Diz a psiquiatra Natália Mota que “a recorrência é uma marca do discurso do paciente com mania, que conta três ou quatro vezes a mesma coisa, enquanto aquele com esquizofrenia fala objetivamente o que tem para falar, sem se desviar, e tem um discurso pobre em sentidos”.
Tratamento adequado
A abordagem matemática foi desenvolvida no Instituto do Cérebro, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), e talvez facilite “essa diferenciação, fundamental para estabelecer os tratamentos mais adequados para cada enfermidade, ao avaliar de modo quantitativo as diferenças nas estruturas de linguagem verbal adotadas por quem tem mania ou esquizofrenia”.
– Não olhem pra mim desse jeito. Eu não preciso de nada disso. Afinal, sou um exoplaneta.
Diante do silêncio do professor Afronsius e do solitário da Vila Piroquinha, nosso anti-herói de plantão arrematou:
– Não pertenço ao sistema solar, orbito uma estrela.
E saiu de órbita, para gritar ao dobrar a esquina:
– Plêiade de incultos!
ENQUANTO ISSO…