Ainda do livro Navegação de Cabotagem, de Jorge Amado. Na página 150, temos um registro de 1960. O escritor, no Rio, recebe um telefonema de João Gilberto, muito aflito. À procura de um advogado em São Paulo. Explica que, devido a um programa de rádio, já marcado, não poderá comparecer a uma audiência na capital paulista:
– Você que conhece todo mundo em São Paulo me arranje um, que seja bom.
É que, durante uma apresentação, “Joãozinho desentendeu-se com um colega, rebentou o violão na cabeça do fulano, corre processo na justiça e o cantor da Bossa Nova não sabe para onde se virar”.
Isto posto, Amado liga para Luiz Coelho, escritor e advogado de “banca prestigiosa e boa-praça”, em São Paulo. Mas o amigo lamenta e informa que não poderá representar João Gilberto:
– Tu não podes por quê? Vais viajar?
– Não, nada disso. É que sou o advogado da outra parte…
Mas, “praça boníssima, amigo prestimoso”, Luiz Coelho fornece o nome de três colegas, “todos os três de primeira ordem”, assegurando que “qualquer deles ficará feliz em cuidar do caso”.
Uma parceria anterior. O filme Seara Vermelha, de 1963, baseado no livro do mesmo nome, de 1946, tem na trilha sonora uma composição de João Gilberto em parceria com Jorge Amado, composta nos anos 50, Lamento da Morte de Dalva na Beira do Rio São Francisco, em Juazeiro.
Mas, no caso, viajando no tempo e de lugar, vale citar Canção da América, de Milton Nascimento:
Amigo é coisa para se guardar
Debaixo de sete chaves
Dentro do coração
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