Ainda não há levantamento definitivo, mas, pelo que se observou, livro foi um dos presentes que mais circularam no Natal. Isso é bom, comemorou Natureza Morta, citando Monteiro Lobato, para quem “um país se faz com homens e livros”.
Beronha, brindado com um livro, não gostou.
– Esperava um Sea Ray 450 Sundancer… O barco referência em esporte e lazer nos Estados Unidos.
– Muito difícil – comentou Natureza.
– Difícil nada. Era só ligar para a YatchBrasil MotorBoats… Tem um escritório em Curitiba. Foi má vontade do tal de Papai Noel.
Mudança de rota
O solitário da Vila Piroquinha tratou de mudar o rumo da conversa, voltando às artes. E novamente acionou a seção Achados&Perdidos, para saber o que rolava no país na primeira década do século 20.
A criançada se divertia com as aventuras de Bolão, Reco-Reco e Azeitona, personagens desenhados por Ângelo Agostini na revista Tico-Tico, lançada em 1905. E que duraria mais de meio século. Nos saraus, as mocinha podiam tocar as primeiras valsas de um jovem compositor paulista, Zequinha de Abreu. Ele ficou famoso pelo choro Tico-Tico no Fubá.
Já no Cinematographo Pathé, o carioca assistia o primeiro filme brasileiro com enredo – “Nhô Anastácio Chegou de Viagem”, dirigido por Júlio Ferrez. Era o início da febre de produções cinematográficas que se viu a partir de 1908.
O Conservatório Dramático e Musical de São Paulo já funcionava desde 1906, com 180 alunos. Grupos de anarquistas lançavam o jornal A Terra Livre e eram criadas inúmeras sociedades culturais.
Nas letras, briga de tendências: os parnasianos tinham reduto na revista Careta, lançada em 1908 e dirigida pelo caricaturista J. Carlos. Os simbolistas atuavam na revista Fon-Fon, criada em 1907, com a participação de caricaturistas como K. Lixto, J. Carlos e Raul Pederneiras.
E Artur Azevedo, um ano antes de morrer, pôde assistir, em 1907, uma de suas 70 peças, O Oráculo, levada no Teatro Recreio Dramático.
Ainda pensando o barco, Beronha tratou de levantar âncora.
ENQUANTO ISSO…