Libera geral e põe fogo

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– O filme a seguir contém cenas de violência, nudez, sexo, eutanásia e genocídio. Liberado para menores de 10 anos.
Beronha, nosso anti-herói de plantão, garante que viu tal aviso na sessão de cinema da televisão.
Deixando de lado possíveis exageros, Natureza Morta concordou que estamos no que já se chamou um dia de “liberou geral”. Afinal, até para vender roupa tem gente pelada nos anúncios. Ou pelada escovando os dentes com aquela pasta – ou melhor, creme dentifrício – que acaba com todo e qualquer germe e bactéria, dando um branco total.
– Branco total na cachola do consumidor – arrisca Beronha.

Aviso sem sentido

E por aí vai. Haja malabarismo visual na publicidade. Isso quando não surge aquele aviso pretensamente solene (ou seria um desafio subliminar?) “se beber, não dirija”.
Tudo ao cabo de uma propaganda cheia de pirotecnias que induzem o consumidor à tentação de encher a cara. Ou sair a 200 por hora com um novo carro. Depois de, pura e simplesmente, tocar fogo no outro, que vinha usando e foi abandonado na estrada, fumegante, após explosão cinematográfica.

Escândalo na praia

Sem falso moralismo, o solitário da Vila Piroquinha recorreu a uma informação da seção Achados&Perdidos, colhida do noticiário dos jornais do Rio de Janeiro. O ano: 1948. Na praia de Copacabana, três moças argentinas “causaram o maior furor em frente ao Copacabana Palace”. Todo mundo parou para ver. Elas estavam lançando uma nova moda: o maiô de duas peças.
Segundo relato da época, “duas peças muito bem comportadas, que escondiam quase totalmente as formas (sic) e só deixavam, quando deixavam, aparecer o umbigo”. Mesmo assim, houve tumulto, um escândalo. Tratava-se do lançamento do precursor do biquíni.
“A parte de baixo era semelhante a um calção e a parte de cima era bem fechada, encorpada, deixando apenas entrever o início da curvatura dos seios”, conforme a briosa, brava e indormida imprensa.
Após muita polêmica, o novo maiô virou moda e avançou, ou melhor, recuou os panos.
– Esse foi um grande – e generoso – avanço da humanidade – palpitou de novo Beronha.

ENQUANTO ISSO…