Em agosto, na cidade de Copenhagen, foi realizado o XIX Congresso internacional da Psicologia Analítica de C. G. Jung. Entre os participantes, o teólogo, escritor e professor universitário Leonardo Boff.  A propósito, publicou o texto intitulado “O resgate necessário da sensibilidade ecológico-social”.

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Conta ele que havia cerca de 700 junguianos, vindos de todas as partes do mundo, até da Sibéria, da China e da Coréia. “Uma tônica predominou: a necessidade de a psicologia em geral e da analítica junguiana em particular abrir-se ao comunitário, ao social e ao ecológico”.

Sem fronteiras

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Para Jung, “a psicologia não possuía fronteiras, entre cosmos e vida, entre biologia e espírito, entre corpo e mente, entre consciente e inconsciente, entre individual e coletivo. A psicologia tinha que ver com a vida em sua totalidade, em sua dimensão racional e irracional, simbólica e virtual, individual e social, terrenal e cósmica e em seus aspectos sombrios e luminosos. Por isso tudo lhe interessava: os fenômenos exotéricos, a alquimia, a parapsicologia, o espiritismo, os discos voadores, a filosofia, a teologia, a mística ocidental e oriental, os povos originários e as teorias científicas mais avançadas. De tudo sabia tirar lições, hipóteses, e enxergar possíveis janelas sobre a realidade. Em razão disso, não cabia em nenhuma disciplina, motivo pelo qual muitos o ridicularizavam.

Esta visão holística e sistêmica precisamos hoje tornar hegemônica na nossa leitura da realidade. Caso contrário, ficamos reféns de visões fragmentadas que perdem o horizonte do todo.

A lição do indígena

Ainda por conta do texto de Boff. “Conhecido foi o dialogo em 1924-1925 que Jung manteve com um indígena da tribo Pueblo no Novo México, EUA. Este indígena achava que os brancos eram loucos. Jung lhe perguntou por que os brancos seriam loucos? Ao que o indígena respondeu:

– Eles dizem que pensam com a cabeça.

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– Mas é claro que pensam com a cabeça – retrucou Jung. Como vocês pensam?

E o indígena, surpreso, respondeu:

– Nós pensamos aqui, e apontou para o coração

Esse fato transformou o pensamento de Jung. Entendeu que os europeus havia conquistado o mundo com a cabeça, mas haviam perdido a capacidade de pensar e sentir com o coração e de viver através da alma.

Logicamente não se trata de abdicar da razão – o que seria uma perda para todos – mas de recusar o estreitamento de sua capacidade de compreender.

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Ainda para Jung, o grande problema atual é de natureza psicológica. Não da psicologia entendida como disciplina ou apenas como dimensão da psique.

Finaliza o teólogo:

– Se não resgatarmos hoje a razão sensível que é uma dimensão essencial da alma, dificilmente nos mobilizaremos para respeitar a alteridade dos seres, amar a Mãe Terra com todos os seus ecossistemas e vivermos a compaixão com os sofredores da natureza e da humanidade.

ENQUANTO ISSO…

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