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Falar de Copa remete não apenas a jogadores e técnicos, mas também a apaixonados torcedores. Caso de Ary Barroso, cujo nome praticamente virou sinônimo de paixão pelo Flamengo. O que poucos sabem é que Barroso deu uma de vira-casaca, algo inadmissível, hoje, no país do futebol. O autor de Aquarela do Brasil era pó de arroz. E que, em 50, decidiu abandonar a carreira de locutor após narrar Brasil x Uruguai.

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Está no livro Recordações de Ary Barroso, de autoria do jornalista Mário de Moraes, editado pela Funarte/MEC em 1979.

De pó de arroz a rubro-negro

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Ary era tricolor pelo menos até 1929, quando fora ver um Fluminense x Andaraí, nas Laranjeiras. O Flu, conta Mário de Moraes, precisava vencer de qualquer maneira para ter chances de ser campeão. Ainda no primeiro tempo, todavia, para desespero de Ary, o Fluminense estava perdendo de 3×0. Um diretor desavisado pediu a ele que tocasse um pouco de piano “para divertir os sócios”. Furioso, respondeu que não estava ali “pra divertir ninguém e sim para ver seu Fluminense perder o campeonato”. Depois disso, foi suspenso do clube e mais tarde expulso por não pagamento de mensalidades, “o que não era culpa dele e sim do clube que não enviou ninguém para cobrá-las como de costume”. O Fluminense perdeu o campeonato e o torcedor. Aí, entre Botafogo e América, opta pelo Flamengo, “depois de passar a frequentar o clube a convite do ex-jogador Telefone (zagueiro entre 1920-1923)”.

Tragédia em dose dupla

O último jogo transmitido por Ary Barroso foi Brasil x Uruguai, que viraria a tragédia do Maracanã. O Brasil perderia o jogo e um profissional da latinha. Ary decidiu abandonar a carreira de locutor esportivo e, no fatídico 16 de julho, não apareceu na Rádio Tupi nem para comandar a resenha esportiva dominical.

A famosa gaitinha não era o único instrumento musical que marcava as transmissões de Ary Barroso, que torcia descaradamente a favor do Flamengo e chegava a comemorar no gramado os gols do Mengão. Não havia, na época, cabinas especiais e “o locutor enfrentava mesmo a intempérie, terminando muitas partidas molhado até os ossos”.

“Não desejando dar rebate falso – o seu característico sinal sonoro -, apelou para os juízes: sempre que o gol fosse válido, apontassem em direção ao centro do campo. Só então Ary tocava a gaita, com força, confirmando o tento. Depois, descrevia o lance”.

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Quando o Flamengo era atacado, não deixava por menos:

– Ih, lá vem os inimigos! Eu não quero nem olhar.

ENQUANTO ISSO…