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Infelizmente, e bota infelizmente nisso, a Revista de História da Biblioteca Nacional não emplacou 2016, na versão papel. Desse modo, professor Afronsius, fã incondicional da publicação, decidiu matar a saudade remexendo, entre a papelada, a sua coleção da RHBN.

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E reencontrou na seção Almanaque (edição de março de 2010) a bronca do filme Rio, 40 Graus, o primeiro longa-metragem de Nelson Pereira dos Santos, rodado  em 1955.

Proibido para qualquer idade

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Em agosto daquele ano, a censura liberou o filme. Para maiores de 10 anos. Um mês depois, o chefe de polícia, coronel Geraldo de Menezes Cortes, interveio, proibindo a exibição do filme em todo o território nacional. Ao justificar o ato, alegou que os termômetros nunca marcaram 40 graus no Rio de Janeiro, ou seja, a temperatura nunca chegou a 40 graus, e, assim, o filme tinha como objetivo “a desagregação do país”. Isso mesmo, já que, segundo ele, o tal coronel, o filme só apresentava “os aspectos negativos da capital brasileira”. Mais: foi produzido com tal esmero “que serve aos interesses políticos do extinto PCB – Partido Comunista Brasileiro”.

A imprensa (no caso o Correio da Manhã e a Última Hora) revelou que o coronel simplesmente não tinha visto o filme. A proibição viera de uma denúncia anônima. O PCB, embora banido desde 1948, estaria por trás da produção do filme.

A cena proibida

Assinado pelo pesquisador Alexandre Octávio R. Carvalho, o artigo vai além:

– A justificativa do diretor de Censura, Lafaiette Stocker, endossando a decisão do coronel, era ainda mais pífia. Ele argumentava que uma cena poderia “desagradar a uma nação amiga”, referindo-se à participação de duas personagens representando turistas americanos.

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Ainda do texto do pesquisador, na RHBN:

– Passado em um domingo de verão, o filme traz como personagens principais cinco meninos negros que vivem no Morro do Cabuçu, na Zona Norte, e vendem amendoim em pontos turísticos da cidade, como o Corcovado, o Pão de Açúcar e Copacabana. Os atores mirins foram escolhidos no próprio morro. A mistura de ficção e realidade trouxe às telas os contrastes sociais que incomodavam muitos setores da classe média, cuja cultura rejeitava a pobreza como tema de cinema.

E o professor Afronsius voltou a indagar, anos e anos depois:

– Algo de novo no front?

ENQUANTO ISSO…

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