Para muita gente, consta, agosto é o mês do desgosto. Professor Afronsius, por sua vez, acha que fatídico mesmo é abril. Ou foi (bate 3 vezes na madeira), aquele mês de abril de 1964.
Tanto que o professor Afronsius mantém sempre à mão, entre outros, o livro 1.º de Abril – Estórias para a História, de Mário Lago, Editora Civilização Brasileira.
Escrito logo após o golpe civil-militar de 64, conta histórias e retrata personagens que conheceu durante sua estada de 58 dias nas hospedarias do DOPS carioca.
Cárceres não prendem ideias
Brasileiro, maior, casado, homem de teatro, de cinema e da MPB (é autor da letra de Amélia), Mário Lago foi em cana no dia 2 de abril “pelo simples crime de ser livre e democrata”.
Mas, como destaca na apresentação do livro o editor Ênio Silveira, “os cárceres, se imobilizam os corpos, não prendem as ideias e não matam a liberdade”.
Entre outros casos de gente que foi sequestrada e torturada sem saber o motivo, há o de Chico:
– No que poderia ser um dia de sorte, ele encontrou um monte de livros largados numa esquina (desovados por alguém na mira dos beleguins). Como sobrevivia recorrendo a pequenos biscates, achou interessante vender os tais livros – à luz do dia, na beira da calçada. E eis que passa uma viatura da polícia. Foi preso. Os livros, ficaria sabendo bem depois, eram de autores “altamente subversivos”.
Atrás das grades, ficou conhecido apenas como Chico.
– Tão Chico que, Francisco, nele, seria apelido – assegura Mario Lago.
ENQUANTO ISSO…
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