Cena 1. Voz feminina no corredor do prédio. Ligeiramente exaltada.
– Você não passa de um cachorro! Um cachorrão! Mas eu te amo muito, muito! Não posso viver sem você…
A mulher aparece. Carrega no colo um animalzinho.
Cena 2. Fila do supermercado. Uma jovem senhora conta para a outra, visivelmente preocupada:
– Titi anda muito rebelde. Ontem à noite, não quis dormir em sua caminha. Puxou o cobertor e foi dormir no canto da sala… Fiquei apavorada. Imagine se resolve fugir de casa?
– Nossa. Cruz credo.
– Toda essa rebeldia porque mandei lavar seu cobertorzinho preferido, aquele que comprei no shopping, em seu aniversário…
Titi é outro (felizardo) cachorro.
Planeta mudou de dono
De volta à mansão da Vila Piroquinha, Natureza Morta ficou matutando com seus botões (de madrepérola):
– Planeta dos macacos? Pura ficção. Real mesmo, pra valer, é o planeta dos cachorros.
E veio-lhe à mente um filme: Mundão Cão (Mondo Cane), de 1962, uma picaretagem travestida de documentário, obra de Paolo Cavara, Gualtiero Jacopetti e Franco Prosperi. O nome dizia tudo. Mostra essencialmente coisas bizarras, outras nem tanto. Hábitos, costumes e maluquices do homem.
Beronha, que também viu o filme:
– Aparecia gente comendo carne de cachorro, formiga, e até um restaurante na Europa que tinha penico debaixo das cadeiras. É, a distinta clientela comia e bebia a miguelão sem precisar ir ao banheiro em caso de necessidade. Líquida ou sólida.
Passou nos cinemas do Brasil com o carimbo de “rigorosamente proibido para menores de 18 anos”.
Hoje, com a internet a todo pano, tal classificação seria simplesmente hilariante.
– O rigorosamente proibido só serviria para atrair mais curiosos – fechou o nosso anti-herói de plantão.
ENQUANTO ISSO…