Como a chuva deu uma folga em Curitiba na sexta-feira, passando a bola para o Sol, que estava no banco de reservas há muitos dias, houve quorum para o bate-papo junto à cerca (viva) da mansão da Vila Piroquinha.
Professor Afronsius chegou saudando Rá. Pela mitologia egípcia, é o deus do Sol.
– Esperamos que ele, Rá, prossiga ditando a cadência do jogo.
Os tempos sombrios e o pensar
Sobre as coisas fora de, ou do nosso controle, Natureza Morta aproveitou a nesga de nuvens sombrias que permitiu a reaparição do Sol para tratar de outros assuntos. Assuntos que a gente só vai situar e entender, na devida proporção, com o tempo. E disparou, com o devido respeito, mal comparando as coisas:
– Está lá, na Revista de história da Biblioteca Nacional, em matéria de Eduardo Jardim, na rubrica Retrato: Hannah Arendt, “Filosofia em tempos sombrios”.
Sobre o livro “Origens do Totalitarismo”, lançado em 1951, a filósofa, para compreender a “terrível novidade política do século XX, o totalitarismo e o Holocausto”, teve de elaborar conceitos inéditos, já que, “quando as teorias conhecidas se tornam incapazes de dar conta dos horrores da realidade, é preciso imaginar novas formas de pensar”.
Hannah, ressalta o texto da RHBN, não dispunha de “recursos conceituais pata explicar a terrível novidade”.
– Todas as noções herdadas da tradição se mostravam inadequadas para descrevê-la.
Como as “terríveis novidades” não param, em menor ou maior intensidade, há que se ler, além de “Origens do Totalitarismo”, “Eichmann em Jerusalém” e “Sobre a Revolução”, já publicados no Brasil.
Em tempo: para Hannah, o autoritarismo, assuma os matizes que assumir, venha de onde vier, “surge da quebra da autoridade política”.
Professor Afronsius:
– Portanto, nos turbulentos dias de hoje, por nossas bandas, vamos com cuidado.
ENQUANTO ISSO…