O antológico e o “antalógico”

Um tanto quanto irritado com os caminhos que o cinema tomou por conta da indústria do cinema, professor Afronsius tornou-se assíduo frequentador de uma locadora que dispõe de tremendo acervo de, como se diria hoje, “filmes antigos”.
– Na verdade, clássicos.
Entre o antológico, o que é digno de integrar antologias, e o antalógico, “coisa de anta, com todo o respeito ao mamífero tapirídeo”, não abre mão do primeiro. Vai daí que, em busca de tesouros perdidos, não perde um texto do jornalista, crítico, tradutor e colunista José Geraldo Couto. No mais recente, ficou sabendo do retorno, em DVD, de 3 filmes assinados por Cesare Zavattini e seu parceiro Vittorio De Sica.
A saber: Milagre em Milão (1951); Umberto D (1952), obra-prima também em dupla com De Sica, e Vítimas da Tormenta (1946).
Beronha:
– O que vem a ser antologia?
Natureza Morta:
– Florilégio.
– Ah, claro. Foi só para confirmar.

“Apóstolo da realidade”

Na rubrica Calçada da Memória, edição desta semana da Carta Capital, José Geraldo Couto apresenta, aos novos, Cesare Zavattini (1902-1989), o “apóstolo da realidade”.
Destaca: foi o “principal mentor e roteirista do neorrealismo italiano”, “inimigo do escapismo dos filmes de telefone branco da era fascista”.
Zavattini “julgava que o cinema tinha errado ao seguir mais o caminho fantasioso de Méliès do que o dos Lumière, semeado com os espinhos da realidade”.
Com o fim da guerra, em 1945, “passou a advogar um cinema para o homem, mergulhado na vida das pessoas do povo”.
E tem o homem do “junk food”
Como também é leitor de Geraldo Couto (“nunca da Calçada da Fama”), Natureza Morta aproveitou para se reportar à coluna de 23 de abril, na qual o ator Alberto Sordi (1920-2003), “romano universal”, é retratado como “introvertido e recluso símbolo da exuberância italiana no cinema”.
E, entre os lançamentos em DVD, encontramos Um Americano em Roma, 1954, de Stefano Vanzina, ou Steno, simplesmente.
Resumo: “Nando Moriconi (Sordi), que aos 30 anos ainda mora com os pais, é obcecado pela cultura americana: fala um arremedo de inglês, imita astros de Hollywood, come junk food. No ápice da mania, ameaça se jogar do Coliseu se não lhe derem uma viagem aos EUA. Sátira de Steno à americanização da Itália”.
– Fim, até a própria sessão – anunciou professor Afronsius.

ENQUANTO ISSO…