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O coitado do jacaré
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Nas proximidades do Museu do Olho, à espera do ônibus da Linha Turismo, um cidadão que pela primeira vez visitava Curitiba estava um tanto quanto aflito:

– Será que vamos ver o tal crocodilo do Barigui?

Ainda bem que alguém explicou que não era crocodilo, mas jacaré. Há muita gente que acha que crocodilo ou jacaré dá no mesmo. Nada disso. São diferentes, e como: crocodilo é da família Crocodilidae e, jacaré, da Alligatoridae. A primeira tem 14 espécies diferentes; a outra, oito – entre elas os gêneros Caiman e Paleosuchus, encontrados no Brasil.

Do Barigui ao Pantanal

E, para não voltar ao distante crocodilo, ou melhor, o jacaré do Parque Barigui, professor Afronsius recorreu ao jacaré do Pantanal. Cego e surdo, o Caimam crocodilus yacare – que pode chegar a medir até três metros – literalmente se defende com o que tem, o que não é muito para um ser destituído de visão e audição. Como explica um biólogo, o jacaré se orienta, ou é guiado, por vibrações.

Imaginar um jacaré saindo da água, bocarra aberta, para escolher uma presa e iniciar implacável perseguição a uma pessoa é cena de cinema. Mau cinema.

Chamando a atenção

No Pantanal mato-grossense, os guias de turistas, para chamar a atenção dos jacarés, utilizam uma pequena vareta. Batem com ela no chão algumas vezes e os jacarés dão meia volta e começam a se aproximar.

Na hora de encher a pança, o jacaré mergulha no rio e, no sentido contrário da correnteza, “enxerga” os cardumes pela vibração da água. Aí, é só esperar de bocarra aberta. As presas mais comuns são as piranhas, exatamente porque, mais agitadas, provocam vibrações mais perceptíveis.

Coitado do jacaré: com as heranças da pré-história, tem o couro, na parte superior, calcificado. Parece um pneu de caminhão – nos dois sentidos. De comestível, para um possível caçador, só dispõe de uma pequena parte, do início da cauda, na área inferior.

Quase extinto

Ecologicamente importantes, os jacarés fazem o controle biológico de outras espécies animais ao se alimentar daqueles mais fracos, velhos e doentes, que não conseguem escapar de seus ataques. Controlam também a população de insetos e dos gastrópodos (caramujos) transmissores de doenças como a barriga d’água (esquistossomose). As fezes dos jacarés, por sua vez, servem de alimento a peixes e outros seres aquáticos.

A espécie interage de uma forma intensa com todo o meio.

O jacaré do Pantanal, no entanto, já esteve quase extinto. Campanhas de proteção e educação ambiental salvaram-lhe o couro.

Hoje, a população de jacarés é normal e todo o meio está equilibrado.

Comentário do Beronha, sobre a falsa imagem do jacaré:

– Tal negócio. Bicho feio como ele é pior do que mordomo do cinema. Não é nem suspeito, é o culpado, sempre.

ENQUANTO ISSO…

 

 

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