Por conta da Eurocopa, o Bar VIP da Vila Piroquinha vive momentos inesperados. E afloram recônditos sentimentos patrióticos, segundo o professor Afronsius, que, como o Beronha, só frequenta o distinto estabelecimento “ocasionalmente todos os dias”.
Numa dessas “raríssimas” incursões, registrou algo totalmente inesperado. Na execução do hino da França, houve quem arriscasse o seu francês para acompanhar La Marseillaise:
Allons enfants de la Patrie/
Le jour de gloire est arrivé/
Contre nous de la tyrannie/
L’étendard sanglant est leve…
Passado o vexame, algo mais desconcertante vai acontecer.
Grito forte e braço retumbante
Segundo relato do vizinho de cerca (viva) da mansão da Vila Piroquinha, um freguês, que já tinha aportado no boteco com pé redondo, resolveu polemizar:
– Beleza mesmo é o nosso.
E, apesar do silêncio do distinto público, resolveu, de pé, mão direita no peito, soltar a voz.
Conforme opinião da maioria, colocava no chinelo o Samba do Crioulo Doido, composto pelo jornalista Sérgio Porto, o Stanislaw Ponte Preta, em 1968.
– Verdade? – interessou-se Natureza Morta.
– Veja só. Até anotei.
Ouviram no Ipiranga nas margens flácidas
De um povo heroico o brado forte…
E continuou:
Se o penhor dessa igualdade
Conseguimos conquistar com braço retumbante,
Em teu seio, ó Liberdade
E o sol da Liberdade, em raios rútilos,
Brilhou no céu da Pátria a imagem do Cruzeiro…
– Credo. Joaquim Osório Duque Estrada, autor da letra, deve ter se virado no túmbalo… – arrematou o solitário da Vila Piroquinha.
– Quem era o sujeito? – interveio Beronha.
– Ninguém sabe. Mas quase levou um cascudo do professor Jacy Cruz, fiel guardião dos símbolos pátrios, para quem o mais belo hino do mundo é o brasileiro. De goleada.
ENQUANTO ISSO…