Não é de hoje. Matemática sempre assustou. E não apenas a criançada. Igualmente a gramática espalhava (e espalha) uma pitada de desespero nos estudantes. De qualquer idade. Um colégio de Curitiba, o Integral, em boa e bela iniciativa, pôs os alunos a ler – e aprender de maneira mais fácil e prazerosa – Monteiro Lobato. Conduzidos pela simpática Emília, tudo fica mais alegre e acessível.
Foram indicados dois livros: Aritmética da Emília e Emília no País da Gramática. O primeiro foi lançado – ou veio a lume, como se dizia – em 1934. O segundo, em 1935.
Uma façanha
Contista, ensaísta e tradutor, Lobato nasceu em Taubaté (SP), a 18 de abril de 1882. Morreu em 1948. Formado em Direito, passou a publicar seus primeiros contos em jornais e revistas. Uma série deles virou Urupês, apontado como sua obra prima.
Na época, 1918, os livros escritos no Brasil tinham de ser editados e impressos em Lisboa ou Paris. Assim, tornou-se também editor, passando a revolucionar os livros infantis e didáticos. Precursor da literatura infantil no país. Deixou personagens que fascinam até hoje, de Emília, Pedrinho, Visconde de Sabugosa ao Saci Pererê. A turma de O Sítio do Pica-Pau Amarelo, por supuesto.
ML escreveu ainda A Menina do Nariz Arrebitado, O Saci, Fábulas do Marquês de Rabicó, Aventuras do Príncipe, Noivado de Narizinho, O Pó de Pirlimpimpim, Reinações de Narizinho, As Caçadas de Pedrinho, Memórias da Emília, O Poço do Visconde, O Pica-Pau Amarelo e A Chave do Tamanho.
E o petróleo é nosso
De Lobato, temos ainda O Choque das Raças, Urupês, A Barca de Gleyre e O Escândalo do Petróleo. Este, de 1936, por conta da grande vendagem, provocou repressão por parte do governo Getúlio Vargas, já que ML acusava o poder central de nada fazer quanto às pesquisas petrolíferas, optando por “não perfurar e não deixar que se perfure”. Diante do impasse, astutamente Lobato fez com que o seu manifesto ressurgisse sob o título O Poço do Visconde.
Obra supostamente infantil, proclama que “ninguém acreditava na existência do petróleo nesta enorme área de 8,5 milhões de quilômetros quadrados, toda ela circundada pelos poços de petróleo das repúblicas vizinhas”. Nacionalista, defendia a exploração apenas por empresas brasileiras.
– Se havia alguma dúvida, o pré-sal está aí como resposta – arrematou professor Afronsius.
ENQUANTO ISSO…