Essa época do ano, em especial, coloca Natureza Morta em estado de indignação. Um Himalaia de indignação.
– Enquanto a corrida às compras torna-se frenética, o badalar dos sinos, pequenos, médios e grandes, ajuda a realçar a total desfaçatez do ser humano – reclama.
– Hoje o chefe acordou com azedo – pensou Beronha.
Razões de sobra
O solitário da Vila Piroquinha leu no jornal que os nossos nobres deputados estaduais estão indignados. Como mostra a matéria do jornalista Euclides Lucas Garcia, na Gazeta do Povo, a decisão do presidente da Assembleia do Paraná de suspender o pagamento do 14.º e do 15.º salário ao parlamentares causou revolta. As lideranças não foram consultadas sobre a medida. Pelo menos é essa a alegação (oficial).
Os benefícios extras vinham sendo pagos nos últimos 16 anos, pelo menos, mas vieram a público apenas na última terça-feira, em reportagem da Gazeta do Povo. A “ajuda de custo“ de R$ 20 mil vinha no começo e no final de cada ano legislativo. Pretexto: de “convocação e desconvocação” dos deputados. Ao ano, o gasto com tal privilégio totalizava R$ 2,1 milhões.
Ah, e parece que a turma não desistiu dos salários extras e voltará à carga em 2012. Fiquemos de olho, pois.
E Laranjal sobrevive
Ainda na Gazeta, Natureza ficou sabendo, em reportagem de Bruna Maestri Walter, como sobrevive a população da cidade mais pobre do Paraná. Laranjal, 6.360 habitantes, Centro-Sul do estado.
A renda domiciliar média dos moradores é de R$ 324,55 per capita, a menor do estado. No total, 57% dos domicílios da cidade são considerados pobres, com renda inferior a meio salário mínimo por pessoa. Na cidade com pouca infraestrutura e carente de empregos, leva a maioria dos trabalhadores a sair em busca oportunidades em Curitiba e interior de Santa Catarina.
Dos que ficam em Laranjal, 53% dependem do programa Bolsa Família. Há quem, juntando tudo, toque a vida com minguados R$ 204 por mês.
Pensando no Natal (gordo) da Assembleia e no Natal (magro) de Laranjal, Natureza pensou em Oscar Arias Sanchez. Eleito presidente da Costa Rica pela segunda vez, em 2006, abriu mão do salário.
– O que eu tenho já é suficiente – justificou.
Arias foi Nobel da Paz de 1987.
ENQUANTO ISSO…
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