Por conta das Olimpíadas no Rio, muita gente ficou sabendo que a primeira medalha de ouro do Brasil foi conquistada em 1920, na Bélgica. Na modalidade tiro de revólver, pelo tenente Guilherme Paraense.
O que poucos sabem, no entanto, é que, em sua primeira Olimpíada, a delegação brasileira era formada apenas por homens, 21. Além do ouro, ela retornou com uma medalha de prata e outra de bronze, na mesma modalidade. A turma do gatilho.
Uma epopeia paralela
Eram sete os nossos atiradores, numa viagem cheia de imprevistos e proezas. Eles embarcaram no vapor Curvello, com os demais integrantes da delegação. Mas, como não chegariam a tempo para a disputa, viram-se forçados a desembarcar na Ilha da Madeira, Portugal.
Aí, já em Lisboa, por supuesto, pegaram um trem rumo a Paris. Detalhe: o vagão não tinha teto. Enfrentaram sol e chuva. Em Paris, encararam mais uma viagem de trem, rumo à Bélgica, mas, em Bruxelas, aguardando a conexão para Antuérpia, foram vítimas dos amigos do alheio. É, eles também existem por lá, faz tempo, não só por aqui. Os ladrões levaram boa parte das armas e da munição. Restaram 200 balas de calibre 38, mas eles precisariam de, no mínimo, 75 cartuchos para cada um. Mas, graça ao espírito altamente olímpico de dois atletas norte-americanos (Raymond Bracken e Alfred Lane) receberam 2 mil cartuchos – e 50 alvos para treinamento.
Uma arma especial
A delegação brasileira começou na prova de pistola livre com Fernando Soledade, mas a sua arma era um tremendo fiasco, tão ruim que o coronel Snyders, chefe da equipe norte-americana, resolveu ajudar: emprestou duas armas Colt, especialmente fabricadas para as VII Olimpíadas.
Desse modo, recorrendo a um inesperado e surpreendente (para os juízes e a plateia) rodízio, os brasileiros literalmente mandaram bala. Com sucesso.
Sebastião Wolf, Guilherme Paraense e Afrânio da Costa conquistaram a medalha de bronze por equipes. Afrânio papou também a medalha de prata individual. O ouro? Só no dia seguinte, na prova hoje chamada de tiro rápido. Paraense, 36 anos, um primeiro-tenente do Exército, conquistou 274 pontos em 300, ficando dois pontos à frente de, adivinhem de quem?, Bracken, exatamente o americano que tinha cedido aos desamparados brasileiros os cartuchos e os alvos.
Certamente sob aplausos de Pierre de Frédy, o Barão de Coubertin, para quem o importante mesmo é competir.
ENQUANTO ISSO…
Boicote do agro ameaça abastecimento do Carrefour; bares e restaurantes aderem ao protesto
Cidade dos ricos visitada por Elon Musk no Brasil aposta em locações residenciais
Doações dos EUA para o Fundo Amazônia frustram expectativas e afetam política ambiental de Lula
Painéis solares no telhado: distribuidoras recusam conexão de 25% dos novos sistemas