Há greves e greves. Algumas terminam bem, outras nem tanto. E há as que mexem com o mundo inteiro – e são festivamente comemoradas quando se encerram.
– Oba! Viva! A greve acabou!
Foi assim com a paralisação – apesar dos fura-greves zebrados – do multimilionário futebol americano, que acaba de sair de sua maior crise.
Para quem não acompanha o futebol americano, foi surpresa também descobrir que é cada vez maior o número de brasileiros que não perdem os jogos e programas de esporte dos Estados Unidos.
Recorrendo ao underdog
Como o professor Afronsius, Natureza Morta e o Beronha não manjam nada de futebol americano, o jeito foi recorrer aos conhecimentos do Flávio Stege Júnior, o underdog que domina a matéria. Ele mesmo, do Luzitano com Z.
Resumindo: com os árbitros titulares parados, em negociação para novo contrato trabalhista, desde a primeira semana da temporada foram convocados os reservas. Os chamados “zebras”, pelas camisetas listradas do uniforme. E agora também pelos erros crassos e em série
A patacoada entrou para a história. As seguidas – e brutais – falhas de arbitragem apressaram o acerto trabalhista para que os espetáculos voltassem a ser o que eram. E sempre tinham sido.
A gota d’água. Ou cachoeira?
De mancada em mancada, com tropeços classificados de bizarros, no mínimo, aconteceu aquilo que levou um comentarista da TV americana a dizer que, de fato, o fim do mundo iria acontecer em 2012. Foi no Monday Night Football, entre Green Bay Packers e Seattle Seahawks, em Seattle.
Última jogada da partida: o Green Bay vencia por 12 a 7 quando o quarterback…
– Quem?
– O lançador.
– Obrigado, Flavinho!
… Russell Wilson, do Seattle, lançou a bola para a endzone…
– Onde?
– Zona final, área de anotação de pontos.
– Obrigado, Flavinho!
… e um bolo de jogadores pulou para agarrar a bola. A marcação oficial assinalou touchdown…
– O quê?
– Aterrissagem, pontuação, seria o gol do nosso futebol. Cruzando-se a linha de gol e entrando na endzone, vale 6 pontos, com direito a um chute extra valendo mais um ponto.
– Obrigado, Flavinho!
… assinalou touchdown para os Seahawks após recepção de Golden Tate, ratificando a virada e a consequente vitória do time da casa.
No entanto, a revisão eletrônica, obrigatória após qualquer jogada que envolva pontuação na NFL, mostrou que Jennings, safety…
– Saf… o quê?
– Safety, uma espécie de defensor.
– Obrigado, Flavinho.
… do Green Bay, interceptou a bola. Mesmo com a revisão, os árbitros substitutos não assinalaram o cancelamento da jogada e deram o triunfo aos Seahawks. O replay também deixou claro uma falta de ataque do recebedor, que empurrou um adversário antes de tentar pegar a bola.
Irritados com a marcação da arbitragem, os jogadores do Green Bay Packers se negaram a voltar ao campo para o ponto extra. Tremendo sururu.
De volta ao gramado
Diante da sucessão de absurdos da arbitragem e da crise gerada no futebol americano, a NFL tratou de fechar um novo acordo trabalhista com a associação dos árbitros – e as partidas da temporada não contarão mais com os juízes reservas. Consta que os tais árbitros, pela inexperiência e desconhecimento das regras, até então só tinham apitado “festas de fim de ano”. Coisa de americano. Mas, passada a tormenta, os jogadores e torcedores podem respirar aliviados, livres do pesadelo até 2020. É até quando vigora o acordo coletivo de trabalho para os árbitros profissionais, que passarão a receber US$ 225 mil anuais, além de benefícios. Vinham recebendo US$ 140 mil.
O incrível em cada um dos esportes
No futebol brasileiro, temos o Sobrenatural de Almeida, de Nélson Rodrigues, que explica lances e gols inexplicáveis pelas leis terrenas. No futebol americano, o Sobrenatural de Almeida deu lugar à Calamity Jane.
– Quem? – quis saber nosso anti-herói de plantão.
– Personagem do Velho Oeste. Jane Calamidade. O nome já diz tudo – explicaram, desta vez, Natureza Morta e o professor Afronsius.
ENQUANTO ISSO…