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O velho fascínio da tela

O cinema mudou, mas mantém o fascínio. Pesquisa da Ancine revela que o mercado está em alta, tanto em renda como no número de espectadores nas salas de exibição. Isso mesmo, salas de exibição. E, quem diria, uma volta ao passado mostra a “admiração sem limites” de Eisenstein por David Wark Griffith: “O melhor do cinema soviético saiu de Intolerância. Quanto a mim, eu lhe devo tudo”.

Alguns livros e as origens

No livro Cinema – Entre a realidade e o artifício (Diretores, Escolas, Tendências), de Luiz Carlos Merten, Artes e Ofícios Editora, Porto Alegre, segunda edição, 2005, temos que:

– O cinema é a única arte com atestado de nascimento, incluindo dia, hora e local: 28 de dezembro de 1895, Salão Indien, subsolo do Grand Café de Paris, no Boulevard dês Capucines, 14, às 21 horas. Foi aí que ocorreu a primeira sessão pública do invento que os irmãos Lumière batizaram de “cinematógrafo”.

Ainda por conta do livro, uma das possíveis origens do que viria a se transformar na decantada Sétima Arte: a caverna de Platão. Mais exatamente “naquelas sombras projetadas nas paredes que eram a única coisa que as pessoas lá dentro conseguiam ver do mundo externo”.

Pulando para O Sentido do Filme, Jorge Zahar Editor, Rio, 1990, com apresentação, notas e revisão técnica de José Carlos Avellar. Em uma coletânea de artigos, Sergei Eisenstein “procura demonstrar que a montagem é uma propriedade orgânica de todas as artes”.

Conclusão do autor de Encouraçado Potemkin, 1925:

– A arte é o mais sensível dos sismógrafos.

Para Eisenstein, “só o cinema soube resistir à tempestade da desagregação em que outras artes encalharam”, isso porque “é a mais jovem das artes e partiu exatamente da desintegração”.

A cor, mas não como um sorvete

Michel Ciment, em Hollywood – Entrevistas, Editora Brasiliense, 1988, reúne depoimentos de um grupo de primeira linha: Billy Wilder, John Huston, Joseph Mankiewicz, Roman Polanski, Milos Forman e Wim Wenders.

Billy Wilder foi entrevistado em abril de 1979, em Beverly Hills, já muito bem instalado em amplo escritório. Revela que evitava filmar em locações e, quanto ao uso da cor que chegava às telas, pondera só não gostar das cores tratadas como sorvete.

Uma frustrada entrevista com Freud

Voltando ao livro de Merten: Wilder se iniciou na vida como jornalista e, certa vez, em Viena, foi incumbido de entrevistar o Dr. Sigmund Freud. O próprio.

“Rumou para o endereço famoso da Bergasse Strasse, mas o máximo que conseguiu foi estender o olho para o divã do psicanalista. Tão logo viu no cartão que Wilder era jornalista, Freud, laconicamente, indicou-lhe a porta da rua.”

Também altamente recomendável é a Revista História Viva, edição número 104, A era de ouro de Hollywood. Cardápio: O nascimento dos grandes estúdios; Surgem os astros e as estrelas; A patrulha do politicamente correto; 1939: o cinema vai à guerra. Os textos, assinados por Eric Pincas, mostram, entre muitas outras coisas, como o som salvou a imagem: o cinema mudo, no final dos anos 1920, entrava em irremediável declínio. “Graças às grandes companhias de eletricidade, ao inventar a sonorização, a indústria do sonho é relançada”, e, com isso, novos desafios pela frente.

E aí, trocando os textos por um faid out, surge a pergunta do cinéfilo mais empedernido:

– Depois do cinema 4 D, o que teremos, se é que teremos, diante dos olhos? To be continued ou the end?

ENQUANTO ISSO…

 

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