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Os grandes e os pequenos
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Tempos atrás, no futebol, um placar de 5 a 0 seria chamado de “sonora goleada” – ou “elástico marcador”. O que dizer, então, de 10 a 0? Estereofônica goleada? A vitória da Espanha sobre o humilde Taiti, no entanto, despertou outra questão: quando, de fato, o mais apto menospreza e humilha o adversário? Garrincha ou Pelé humilhavam seus marcadores? Já dizia Didi: jogo é jogo, treino é treino.
Ao contrário de muita gente, professor Afronsius, Natureza Morta e Beronha, este um notório perna-de-pau, não viram, na partida disputada no Maracanã, nenhuma humilhação pelo 10 gols a zero, embora pipocassem comentários como “coitadinhos, isso não se faz”, “é o grandão batendo no pequenino”.
– Ato de humilhação seria, de propósito, desperdiçar as chances de gol. Aí sim, teríamos o anti-esportivo, o comportamento degradante.

O adversário que não perdeu

A dupla aproveitou para elogiar o comentário de Alexandre Alliatti, do G1:
– Sejamos compreensivos: o Taiti venceu o jogo ao levar 10 a 0 da Espanha no Maracanã. Claro que a frieza da tabela deixará para a posteridade a marca de mais uma derrota para a pequenina seleção da Oceania, formada por atletas amadores – amadores: aqueles que fazem por amor. Azar da tabela. O que os jogadores superados pela Fúria realmente lembrarão é que um estádio lendário fez com que eles se sentissem em casa, torceu por eles, cantou por eles, gritou por eles. A campeã do mundo enfrentou uma das piores equipes do planeta. Sob vaias, goleou. Mas goleou um adversário que não perdeu.

A fila indiana diante de Mané

Quantos aos dribles de Mané Garrincha e os próprios chapéus aplicados por Pelé, há que situar os jogos no seu devido tempo:
– A preparação física era outra, os esquemas táticos também. E o próprio empenho era outro. Tanto que os marcadores faziam fila indiana diante de Mané. Hoje, certamente, ao receber a bola ele já teria pelo menos três defensores em cima. E tome bordoada. O mesmo ocorreria com o Rei. Outros tempos, outros craques, outros estilos de jogo.

E fomos perdendo o fair-play

A Revista de História da Biblioteca Nacional, edição deste mês, na rubrica Educação, traz um texto de André Mendes Capraro, professor da Universidade Federal do Paraná e autor de “Histórias de Matches e Intrigas da Sociedade – A crônica literária e do Esporte Futebol”, Annablume, 2013.
Para o professor, o futebol pode ser matéria de ensino, associado a diferentes momentos históricos.
E conta:
– O goleiro Marcos Carneiro de Mendonça, do Fluminense, “que gostava de trajar um elegante uniforme branco, gentilmente cumprimentava os adversários quando estes o superavam e faziam um gol”.
Quanto aos gols sofridos por Marcos, isso ocorria lá pelos anos 1920. Uma lição (ou exemplo) rapidamente colocada à margem. Dentro e fora dos campos de futebol.

ENQUANTO ISSO…


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