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– Ainda não passei da página 42, mas o livro é ótimo, imprescindível!
Natureza Morta está lendo O Brasil, de Mino Carta, Editora Record, posfácio de Alfredo Bosi, que acaba de ser lançado. Ao todo, são 355 – alentadas – páginas.
Mas, sem demonstrar pejo – e nem haveria motivo para isso -, admitiu que tropeçou em várias palavras, sendo obrigado a recorrer ao dicionário. Nem sempre com sucesso.
– Bons livros são assim. Ensinam a gente duplamente. Questão de repertório do autor.

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Para entender melhor

Diante do interesse do professor Afronsius, informou ter aberto uma lista para, concluída, servir de tira dúvida ou tira-teima do leitor.
– Tudo para melhor curtir o Brasil. E O Brasil.
Agora diante da curiosidade do professor Afronsius, tascou alguns exemplos, embora muitos deles sejam compreensíveis pelo sentido da frase:
– “Urdo histórias”. O que vem a ser urdo?
– …
– Dispor, tecer os fios da tela.
– “Cenário de vindima”.
– Essa eu mato. Vindima: colheita, apanhar uvas.
– “Obrigação íngreme”.
– Íngreme, muito inclinado, escarpado. “Obrigação íngreme”… Genial.
– “A bem de um vernáculo sem nódoas”. Nódoa.
– Essa me remete a Shakespeare. A “nódoa infamante” do punhal de Brutus. Sinal deixado por corpo ou substância, mancha.
– “Vazamento adiposo”. Adiposo.
– Fácil. Gordo, gorducho.
– “Luminescência”.
– Emissão de luz por uma substância, provocada por processo que não seja o aquecimento.
– “Oblívio”.
– Nessa você me pegou…
– Oblívio, esquecimento eterno, total.
– “Martelar dodecafônico”.
– Dodecafônico. Técnica de composição com base nos 12 sons da escala cromática. No caso de música, um intervalo cujos sons têm o mesmo nome, mas um deles é alterado – ou de uma escala cujos sons apresentam entre si apenas intervalos de semitons. Obrigado, Aurelião!
– “Coortes vitoriosas”.
– Fácil. Coortes. Partes das antigas legiões romanas.
– “Autor de filípicas”.
– Deve vir de filipeta, impresso com propaganda e coisas do gênero.
– “Voz tribunícia”.
– Relativo ou pertencente a tribuno. No caso, a voz dos que não têm voz
– “Tilintar gárrulo”. Gárrulo.
– …
– Ah, ah… Gárrulo, tagarela.
– “Porque naïve”.
– Naïve. Ingênuo, infantil, crédulo.

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A sábia lição do índio

Beronha, nosso anti-herói de plantão, a tudo só ouvia. É alvo de pergunta, inquisitiva:
– Tem alguma coisa a dizer, não vai perguntar nada?
A resposta do nosso anti-herói de plantão foi aquela que o índio, amigo de Darci Ribeiro, deu após acompanhar a longa conversa do professor com Oscar Niemeyer, sobre os mais variados problemas do mundo:
– Estou com preguiça…
Mas quis saber quem é Mino do tal O Brasil.
Natureza recorreu à nota da contracapa do livro:
– Responsável por publicações que fizeram história na imprensa brasileira desde 1960, ferozmente censurado durante a ditadura, Mino Carta recorre de maneira hábil à literatura para criar uma polêmica reflexão sobre o Brasil, promovendo uma devassa na história do país a partir da morte de Getúlio Vargas. Uma narrativa corajosa e polêmica, leitura obrigatória para discutir o Brasil e o momento em que vivemos.

ENQUANTO ISSO…