Não bastasse a recente concorrência da Uber, os velhos e tradicionais taxistas continuam enfrentando as mais variadas dificuldades no nobre exercício da profissão. Acontece de tudo.
Tem o cozido que entra no carro e, diante da clássica pergunta “toca pra onde”, responde “não faço a menor ideia, vai em frente”. Ou o passageiro que, em Curitiba, pede para ser levado “para aquela rua entre a Tocantins e a Prefeito Ângelo Lopes, no Cristo Rei”.
Neste caso, até que procede a dica, posto que a tal rua é a Presidente Beaurepaire Rohan. Isso mesmo, ela existe.
Um taxista, porém, ficou intrigado e, no dia de folga, tratou de descobrir quem foi o tal Beaurepaire. Descobriu. Vice-presidente da Província do Paraná, de 27 de julho de 1855 a 1 de março de 1856.
Província do Paraná
Henrique Pedro Carlos de Beaurepaire Rohan, membro da nobreza, militar e político, integrou o Partido Liberal. Filho de Jaques Antônio Marcos de Beaurepaire, conde de Beaurepaire, e da anglo-portuguesa Maria Margarida Skeis de Rohan, filha de cônsul inglês que serviu no Rio de Janeiro. O pai, marechal de campo do exército francês, estava na mira de Napoleão Bonaparte. Buscou refúgio em Portugal e, pelos “relevantes serviços prestados à Coroa Portuguesa”, acabou fazendo parte do grupo que acompanhou D. João VI quando da vinda da Corte para o Brasil.
Segundo Beronha, “sempre sobra pra gente”.
E, além de ser brindado com a Província do Paraná, foi presidente das Províncias do Pará, de maio de 1856 a outubro de 1857, e da Paraíba, nomeado por carta imperial. Em 1864, chegou a ministro da Guerra. Formado em física e matemática, foi membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e da Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional.
A Corografia do gentil-homem
Com as “honras de grandeza”, por decreto de 13 de junho de 1888 recebeu o título de Gentil-Homem da Imperial Câmara, além da Grã-Cruz da Imperial Ordem de Avis e de dignitário da Imperial Ordem da Rosa e comendador da Imperial Ordem de Cristo.
Escreveu a Corografia da Província da Paraíba do Norte, publicada na Revista do Instituto Histórico da Paraíba, em 1911.
– Corografia? Cacildis! Do que se trata? – interveio Beronha.
Aí, até o professor Afronsius recorreu ao dicionário:
– Corografia, s. fem. Estudo ou descrição geográfica de um país, região, província ou município, as suas características mais notáveis.
– Pombas, o cabôco era importante mesmo… Nome de rua? Deveria ter virado nome de avenida principal.
ENQUANTO ISSO…