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Tempo de Copa, as inevitáveis comparações. A mais recorrente (e improcedente): Pelé ou Mané Garrincha, qual o melhor? Como futebol, e muito pelo contrário, não de limita ao corre-corre atrás da bola durante 90 minutos, um livro, Futebol e Psicologia, de Mira y Lopez e Athayde Ribeiro da Silva, Editora Civilização Brasileira (1964), ajuda a pôr alguns pontos nos is. E já antecipa a “exportação” de craques.

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No capítulo Minha experiência com a Seleção Brasileira (1962-1963), Athayde conta que, trabalhando com jogadores, se pode fazer uma tipologia: “Há os paternais, os filiais, os companheiros fraternais, os críticos, os líderes, os que nasceram para ser segundos ou co-líderes, outros para ser liderados; os técnicos natos, os individualistas, aqueles em que o futebol é um incidente, outros em que o futebol é um destino.”

A síntese do craque nacional

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Em seus trabalhos iniciais, diz que os três jogadores que entrevistou “constituem uma síntese do craque nacional”, a saber: Zagalo, Pelé e Didi.

Pelé: “Desde a infância, um obsessivo, um superexigente consigo mesmo, em busca permanente da perfeição”, como alguém que, “inconscientemente, tem um alvo supremo a atingir.”

“Não fosse essa enervadura privilegiada, essa argamassa bem integrada, essa obsessividade criadora, poderia um menino humilde ter resistido tanto ao êxito? Ser campeão mundial aos 17 anos, tornar-se um mito, endeusado e idolatrado não é mexer demais com os componentes narcisísticos, ainda bem imaturos naquela idade?”

Malazarte mais Macunaíma

Garrincha: “Entrevistando-o, nada vi do que me preveniram: que era uma criança, que não era inteligente, que era um ‘gozador’, que ia me dar respostas capadoçais ou de retardado, ou que ia zombar de mim. Nada disso! Foi uma palestra agradável. (…) Brinca como lhe convém, coisa própria dos que, como ele, não tiveram infância. Como todo esquizotímico, é um individualista, independente, isolado, não gosta de obedecer a normas, ou ele mesmo as faz. (…) Garrincha é um instintivo, simples e simplório, ora ingênuo, ora sonso, sem nenhuma das complexidades do homem da cidade. Até seu estilo de jogo não se caracteriza pelo complexo; seu drible mundialmente famoso é sempre para fora; mas não falha, graças à agilidade motriz, à destreza, à arte de enganar através da expressão corporal, como que vivendo e expressando a quintessência da malandrice brasileira, um pouco de Pedro Malazarte em que ninguém fala, ou de Macunaíma, só conhecido nos círculos da ‘inteligentzia’.

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Gosta de caçar, de andar pelo mato; aí está o seu ‘habitat’ (…) num mimetismo de animal do mato, dos quais tem a esperteza, a astúcia e o faro. Sempre vivendo num mundo pequeno, quase ingênuo, em que só o futebol lhe trazia satisfação emocional”.

Qual o melhor? Os dois, cada um na sua e em seu tempo.

ENQUANTO ISSO…