A queda do meteorito nos montes Urais assustou muita gente e deixou centenas de feridos. Ao ler a notícia, com os dados do Ministério do Interior da Rússia, professor Afronsius arriscou um comentário no dedo de prosa junto à cerca (viva) da mansão da Vila Piroquinha, enquanto Beronha não despregava os olhos do céu. O comentário:
– Já pensou se fosse no 12-12-12?
– Poderia provocar uma tragédia – concordou Natureza Morta, agora também de olho no aflito e impaciente Beronha.
– Mas pior mesmo seria se o fenômeno ocorresse no auge da guerra fria…
– De fato. Ia faltar botão vermelho. E arsenal nuclear para a retaliação…
Quanto ao comportamento de Beronha, o próprio, já com dores no pescoço, procurou explicar:
– Pode ser que venha mais uma pedrada tamanho família perdida por aí… E bem aqui no nosso galinheiro…
Banhados de ouro
A Seção Achados&Perdidos, exclusiva do blog, entra em cena e o trio volta no tempo: a passagem do cometa de Halley em 1910. Assustando muita gente.
O cometa, que marca presença por aqui a cada 76 anos, não causou medo, porém, a uma criança de 7 anos. Bem mais tarde, em 1962, ela escreveria em “A Bolsa e a Vida”:
– O que aconteceu à noite foi maravilhoso. O cometa de Halley apareceu mais nítido, mais denso de luz e airosamente deslizou sobre nossas cabeças sem dar confiança de exterminar-nos. No ar frio, o véu dourado baixou ao vale, tornando irreal o contorno dos sobrados, da igreja, das montanhas. Saímos para a rua banhados de ouro, magníficos e esquecidos da morte, que não houve. Nunca mais houve cometa igual, assim terrível, desdenhoso e belo.
O autor: Carlos Drummond de Andrade, nosso poeta de Itabira.
ENQUANTO ISSO…