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Que o Carnaval nos seja leve

Ensina o “Botecário – Dicionário Internacional do Boteco”, de Dante Mendonça, edição revista e ampliada em 2007, que “os chatos são humanoides que têm uma única linguagem, com vários dialetos: o chatês, o chatíssimo e o chatérrimo”.
Mas, por incrível que pareça, “dois chatos não se entendem. É um povo desunido e nômade”. De fato.
Foi depois de um encontro – ou trombada – com alguns chatos que o professor Afronsius decidiu reler o livro do Dante, que, aliás, tem cartuns geniais de Miran, Solda, Orlando, Tiago Recchia e Marco Jacobsen.

Um refúgio, mas nem tanto

Tudo aconteceu no Bar VIP da Vila Piroquinha, distinto estabelecimento que o professor Afronsius, citando Beronha, só “frequenta ocasionalmente todos os dias”. Para fugir do Carnaval e o festival de apelação, procurou abrigo no boteco. Deu-se mal.
Eis que uma dupla “domina” o recinto, falando alto.
– Parecia serviço de alto-falante em campo da suburbana em domingo de festival.
– Não bateu em retirada? – quis saber Natureza Morta.
– Não, chovia a cântaros…
– Você quis dizer chovia a píncaros – tentou corrigir Beronha.
Vai daí que o professor Afronsius viu-se obrigado a suportar o fogo cruzado. Já que muita gente não iria acreditar, fez questão de anotar coisas que ouviu.

Abrindo o caderninho

Conforme as anotações, a distinta clientela do distinto estabelecimento teve os ouvidos torpedeados por afirmações deste naipe:
– No Champs-Elysées, em Londres…
– Grande mesmo era o Bingo Estar (referência a Ringo Starr).
E depois de Gigliola Cinquetti virar Georgia Quinquetti, o nosso estimado Paulo Rink, hoje vereador, foi chamado de Paulo HenRINGUE.
– O palco do Festival de San Remo de 1968, vencido por Roberto Carlos com “Canzone per te”, foi parar no litoral da França.
A dupla tentou interpretar a música, mas, felizmente, desistiu nos primeiros tropeços.
– Domenico Modugno, com “Nel blu dipinto di blu”, em 1958, também foi reverenciado. O pior é que a dupla também decidiu cantar “Nel blu dipinto di blu”… Não foi muito longe.
– Julia Roberts virou algo que soava como Julia Rooter.
C’est La Vie, como bem disseram os ingleses (sic).
– Estou me sentido o Charles…
– Chaplin.
– Não, o Bronson.
E, na inevitável seleção brasileira de todos os tempos, eis que, depois de Pelé, veio o Zito. A correção, em tempo:
– Zito? Pera aí… Zico! O Zico!
É o genuíno dialeto do zuzo, como diria o grande amigo Julinho Tarnoski, lembrado por Natureza. O cidadão chega com o pé redondo e cumprimenta o pessoal da roda:
– Zuzo bem com vocês?
Aí, você não perde por esperar. Que o diga outro o amigo, o Júlio Lançoni, que até pensou em promover uma rifa para passar adiante a dupla do zuzo bem. Sem sucesso, porém. Não deu quorum.
Hoje, terça, deve ter mais.

ENQUANTO ISSO…


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