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– Quem bate?
– É o frio!
– Não adianta bater, eu não deixo você entrar.
O diálogo é de um velho comercial, das Pernambucanas, anos 1960. Emplacou. Tanto que foi lembrado pelo professor Afronsius, a respeito do frio em Curitiba e da precisão da Meteorologia em seus outrora prognósticos sobre o tempo.
– Antigamente, a previsão do tempo era como horóscopo. Às vezes dava certo, outras não – emendou Natureza Morta.

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Sem palpite triplo

No breve bate-papo junto à cerca (viva) da mansão da Vila Piroquinha, breve por causa do vento gélido, professor Afronsius, ao se referir às agruras dos meteorologistas de antigamente, posto que não havia condições de palpite triplo nos boletins, contou uma piada que ouviu de um amigo, o Elias Abram, no Bar VIP da Vila Piroquinha.
Vai como veio.
Uma tribo tem novo cacique. Com o frio a caminho, os índios vão perguntar ao jovem cacique se o inverno será rigoroso. Na dúvida, o cacique decide que é melhor prevenir do que ficar mal falado mais tarde:
– Inverno será rigoroso. Tratem de juntar lenha.
E assim foi. Os índios dedicam a maior parte do dia para recolher lenha.
Alguns deles voltam a consultar o cacique.
– Mais lenha. Inverno vai ser muito rigoroso.
Dias depois, nova consulta ao cacique.
– Mais, mais lenha. Inverno será muito, muito rigoroso.
A certa altura, o cacique, que tinha estudado na “escola dos brancos”, decide parar com o blefe e recorrer ao meteorologista da cidade mais próxima.
Lá chegando, procura o meteorologista de plantão:
– Como vai ser o inverno?
– Rigoroso. Terrivelmente brabo.
De volta à aldeia, reforça a ordem anterior:
– O inverno vai ser super rigoroso. Continuem juntando lenha.
Mais dias depois, resolve conversar de novo com o meteorologista.
– O inverno vai ser rigoroso mesmo?
– Barbaridade. O pior dos últimos anos.
– Como é que vocês sabem?
– Os índios não param de recolher lenha – segredou o meteorologista.
Pano rápido. Até porque Beronha, nosso anti-herói de plantão, foi de uma sinceridade atroz:
– Não entendi bulhufas.

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ENQUANTO ISSO…