Viajando e aprendendo. Nem sempre, porém. Depois de passar dezenas de vezes por Registro, a 220 km de Curitiba pela BR-116, eis que veio meio sem querer a pergunta: por que Registro? Vale a pena recorrer à toponímia.
Era um dos pontos-chave para a Coroa Portuguesa no controle e recolhimento do dízimo sobre o ouro. Se não fosse pago, ah!, vinha o pior: a derrama.
Impostos e mais impostos
Do topônimo – nome próprio de lugar – à toponímia – estudo linguístico ou histórico da origem dos topônimos. Entre 1750 e 1770, no apogeu da mineração no Brasil, havia uma série de impostos cobrados pela metrópole sobre a colônia. Do Pau-Brasil, especiarias, pescados ao direito de portagem (cobrança de taxa de passagem), sem falar do ouro, prata, pedras preciosas (dos quais era recolhido o quinto, ou 20%), as colheitas e o comércio. O dinheiro público era constituído, basicamente, pelo quinto e o dízimo.
Não escapavam nem os escravos e pessoas livres que trabalhassem com as próprias mãos.
A derrama e os “homens bons”
Anualmente, a Capitania de Minas Gerais tinha que enviar 1500 quilos de ouro para Portugal. Do contrário viria a derrama: o rateio da diferença entre as comarcas e, nestas, o rateio entre os homens bons, sob pena de ser retirado à força mediante confisco dos bens. As demais capitanias tinham obrigação de reter os quintos, mas não eram oneradas pela derrama.
De volta a São Paulo
Registro surgiu de um povoado às margens do Rio Ribeira de Iguape. Cabia-lhe registrar todo ouro explorado na região, daí o nome. Havia um agente de Portugal encarregado de cobrar o dízimo destinado à Coroa Portuguesa, antes que o ouro fosse levado a Iguape para ser fundido e vendido, como conta o site da prefeitura da cidade.
De riqueza em riqueza, contou ainda com grande cultivo de feijão, arroz e outros produtos, mais a chegada de imigrantes japoneses. Com o fim do ciclo do ouro, veio a instalação da Ultramarina de Implementos S.A. (KKKK – Kaigai Kogyu Kabushiki Kaisha), autorizada a funcionar no Brasil em dezembro de 1918. Com a doação de terras devolutas a imigrantes japoneses recém-chegados, foram desenvolvidas várias culturas para teste: arroz, café, cana, fumo, feijão, junco, abacaxi, laranja e também a criação do bicho-da-seda. Mas a diferença se faria com a banana e o chá preto, por melhor adaptação às condições da região.
Em 30 de novembro de 1944, pelo decreto-lei 14.334, Registro emancipou-se de Iguape, tornando-se município, cuja instalação deu-se em 01 de janeiro de 1945.
Conhecida como a “Capital do Vale” ou “Capital do Chá”, o município tornou-se oficialmente o Marco da Colonização Japonesa no Estado de São Paulo pelo Decreto 50.652, de 30 de março de 2006, por ter sido a primeira localidade a receber imigrantes japoneses interessados em investir em produção própria no Estado.
Mais do que ponto de passagem, Registro merece, por sua história e importância, uma visita.
ENQUANTO ISSO…