Passado o Natal, algo também previsível: o levantamento dos presentes que foram e vieram. Uma tarefa que nunca fez parte da rotina do Beronha. Além da ressaca do tamanho do Himalaia, nosso anti-herói nunca foi brindado com outra coisa.
Natureza Morta, por sua vez, delicia-se com o que ele chama de presentes inimagináveis, principalmente os endereçados pelo AS.
– AS? Seria agente sanitário? – quis saber Beronha.
– Não, amigo secreto – respondeu o solitário da Vila Piroquinha, que chegou a fazer uma lista, talvez porque voltou a ganhar o presente beronístico de sempre: um cinto.
Ele que, sabidamente, só usa suspensório. Mas a vingança estava preparada: presenteou o amigo com o livro “O Futuro do Trabalho – Fadiga e ócio na sociedade pós-industrial”, de Domenico de Masi.
Endereço certo
Quanto aos presentes inimagináveis, Natureza abriu a lista com “Ética – Direito, moral e religião no mundo moderno”, de Fábio Konder Comparato.
– Miríades de exemplares, para doar aos políticos. Até porque tem eleição a caminho.
Uma camisa do NY Jets para o Sr. Spock, amigão velho. Um computador apenas com logoff para um notório bebum que só quer ver Orloff pela frente, a vodka.
Exemplares (autografados pelo autor) de “A Privataria Tucana”, de Amaury Ribeiro Júnior, para um certo ex-presidente, um eterno candidato e a sua corte.
Um megafone para o Mário Cachoeira, o sujeito que mais fala alto em toda a Vila Piroquinha.
– Cachoeira é o sobrenome?
– Não, apelido. Dizem que ele nasceu e cresceu ao pé de uma cachoeira, daí gritar quando fala…
E, finalmente, “Feliz Ano Velho”, Marcelo Rubens Paiva.
– É de 2011? – interveio Beronha.
– Não, de 1982, mas continua um presentão para abrir o ano novo. Presentão, aliás, que reservei para mim mesmo – encerrou Natureza.
ENQUANTO ISSO…
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