Excesso de contingente. Com essa diplomática alegação, Natureza Morta recebeu um “tchau” e foi devidamente dispensado do serviço militar. Reservista de segunda, o carimbo. Curtiu alguns dias de fossa. Afinal, no seu tempo, poucos tentavam “escapar” do quartel.
Já Beronha não teve o mesmo tratamento. Foi dispensado por um motivo pouco honroso:
– Pé chato.
Nosso anti-herói, no entanto, comemorou.
– Nunca pretendi pegar no pau furado ou apelar para golpe baixo como fizeram alguns amigos – justificaria mais tarde.
De fato. Contam que, para ser rejeitado na inspeção médica, tinha gente, com barriga sobrando, recorria a um expediente até perigoso: beliscava a parte lateral da pança, puxava a pele com força e, com ela esticada, dava um tiro na parte estrategicamente selecionada. Largava a pele, que voltava à posição de origem, agora exibindo dois furos à bala, o de entrada e o de saída, quase nas costas.
No quartel, era examinado e mandado embora.
– Varado a bala – era a justificativa da dispensa.
Um serviço obrigatório
A lei do serviço militar obrigatório data de 1908. O marechal Hermes da Fonseca era ministro da Guerra. Mas a lei, antecedendo a muitas outras leis que nunca vieram a ser cumpridas, ficou literalmente no papel. Até mesmo quando Hermes da Fonseca assumiu a presidência da República.
Só a partir de 1914, com o conflito na Europa, começou a pressão para o serviço militar obrigatório. Olavo Bilac à frente, fazendo pregações pelo país para a organização da Liga de Defesa Nacional.
Para muitos, a lei de 1908 tinha “intenção belicista”.
Com Venceslau Braz na presidência, em 1918 a lei sofreu alterações e foi regulamentada, entrando em vigorar 10 anos depois.
ENQUANTO ISSO…
Governo Lula cobra fatura de aliança com Lira nesta última semana do Legislativo
Lula busca ‘apoio VIP’ no exterior para impor censura aos críticos do governo; acompanhe o Sem Rodeios
PF busca mais indícios contra Braga Netto para implicar Bolsonaro em suposto golpe
Juiz de Brasília condena Filipe Martins por suposto “gesto racista” em sessão do Senado