Há gente que vive no mundo da Lua, como se dizia nos velhos tempos de Natureza Morta. Ou, como se passou a dizer mais recentemente, são pessoas completamente desligadas. Há quem as chame de borboletas, inofensivas posto que vivem no ar. Natureza tem um amigo que é desse tipo, desapegado a tudo. Um CV, traduzindo: cabeça de vento.
De tão esquecido, ele ganhou o apelido de PS. Beronha não entendeu.
– PS. Post scriptum. Sempre esquecia de alguma coisa e tinha de recorrer a um PS para se lembrar. Graças a esse expediente, deixou de ir para o aeroporto sem levar a passagem. Ou o passaporte.
Ele sempre foi assim. Ainda garoto, não costumava amarrar o cadarço do sapato. Até levar um tombo. Pisou com o pé direito na ponta do cordão do pé esquerdo. Catapum!
Beronha não vê nada de ruim nos tipos esquecidos.
– O sujeito pode morrer e esquecer se deitar, o que não deixa de ser uma boa ideia.
No trânsito
Como há desligados e desligados, Beronha contou a cena que presenciou na segunda-feira, na Rua Campos Sales, cruzamento com a Moysés Marcondes, no Juvevê. Por volta das 13 horas, trânsito totalmente caótico. O sinal abre, todo mundo avança. Menos um carro. Resultado: o veículo de trás arranca e bate. Um terceiro carro faz o mesmo, avança e bate na traseira do segundo.
E lá ficaram os três, parados, até que a motorista do primeiro veículo, uma senhora muita tranquila, desceu para ver o que tinha provocado, ou, segundo ela, para ver o que tinha acontecido. Encontra pela frente os motoristas dos dois veículos. Irritados, nervosos.
– Meninos, o quê que vocês fizeram?
Tudo isso em meio a um buzinaço muitos e muitos decibéis acima do normal.
ENQUANTO ISSO…