Certo está o jornalista e amigo Jorge Eduardo França Mosquera: livro a gente não empresta. Ou só empresta quando, ao mesmo tempo, pega um livro emprestado de quem bateu à sua porta. Assim, o livro se torna uma espécie de refém. E a devolução torna-se inevitável quando chega a hora da troca de reféns. Toma lá o seu, dá cá o meu.
Mas, como quebrou a regra, professor Afronsius ficou a ver navios. Com a velha promessa “devolvo logo”, levaram o seu Casa Grande & Senzala, de Gilberto Freire, e esqueceram o boas de volta.
Resultado: para reler uma parte do clássico do mestre de Apipucos, percorreu vários sebos. Nada. Aí, recorreu a livrarias. Pior ainda.
Numa delas, o rapaz, meio desconcertado ao ouvir o nome do livro, quis saber:
– Casa grande e senzala? O senhor deve estar procurando casa grande e decoração…
– Não, Casa Grande & Senzala, com o E comercial.
Enquanto o aturdido funcionário se socorria no notebook, desistiu de explicar que o sinal &, que os ingleses chamam de ampersand, é uma espécie de monograma, e que senzala era o depósito (há quem prefira chamar de alojamento, posto que mais palatável) de escravos. Agradeceu e bateu em retirada. O jeito é pegar um exemplar por empréstimo, sem troca de reféns como garantia, mas sujeito a uma pequena multa, matutou com seus botões.
Desta vez, esperança renovada, seguiu em direção à Biblioteca Pública do Paraná, Rua Cândido Lopes, 133, centro de Curitiba. Onde foi obrigado a renovar a carteirinha de leitor, posto que a dita cuja perdera a validade. Não era utilizada há muitos, muitos anos.
Mas, com o atendimento sempre cordial e eficiente do pessoal da BPP, tudo resolvido em pouquíssimos minutos. Deixou a Biblioteca sobraçando o precioso volume. Que, por supuesto, tem prazo de devolução. Prorrogável, no entanto. Afinal, são 727 páginas. Mesmo dispensando o prefácio do FHC e pulando os apêndices, haja tempo para a leitura.
ENQUANTO ISSO…
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