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Tudo perfeito. Quase, quase…

Carros, certos carros, dão status, prestígio. Imagine você dirigindo uma deslumbrante Maserati 3.200 GT, recém-saída da fábrica, isso em 2001, e ainda mais: em plena Itália. Coisa de cinema, tipo “Candelabro Italiano”.
Mas nem sempre o que começa bem vai correr a mil maravilhas, mesmo quando o motorista é jornalista e convidado especial dos fabricantes. Recepção, vero, primorosa. Logo no desembarque havia uma Maserati com chave na ignição, à disposição do ilustre visitante. No meio do caminho, no entanto, um imprevisto de tocaia, à espera.

A pedra no meio do caminho

Seguindo para Torino, eis que nosso herói depara-se com uma praça de pedágio, onde, democraticamente, todos, a partir de duas ou quatro rodas, são iguais. O que significa que, mesmo pilotando uma Maserati, ninguém está livre de mancada, vaias e apupos – estes entrecortados por alguns palavrões. Algo como se descobrir no meio da torcida do adversário – num clássico italiano Iguaçu x Trieste.
E eis que, sem ser avisado da existência do pedágio pelo pessoal da empresa anfitriã (que poderia socorrer com alguns trocados o desprevenido visitante), nosso herói viu-se em palpos de aranha: sem dinheiro vivo no bolso, a lira, começou o vexame, que se tornaria, literalmente, internacional. Mesmo lá, calça de veludo…

À beira de um ataque de nervos

– Duro e sem manjar italiano, tentei explicar a situação ao funcionário já atormentado (ele e eu) pela fila que se formava e o buzinaço logo acompanhado por uma saraivada de imprecações de todo o tipo. Ainda bem que não entendo lhufas de bitibiriba em italiano…
A infernal algaravia chegou a tal ponto que o nocauteado italiano não quis mais saber, chutou o balde. Ergueu a cancela e, gesticulando muito (novidade?), liberou a passagem, arrancando aplausos dos motoristas. Sobraram e respingaram algumas vaias para o tranca rua do terceiro mundo.
– Tudo por conta da falta de míseras patacas. No caso, patacas da lira…
O euro só viria em janeiro do ano seguinte.
Conclusão do nosso herói, no caso contado pelo jornalista Roberto Massignan Filho, editor de Automóveis da Gazeta do Povo:
– Tudo perfeito nas boas-vindas. Com exceção do “pequeno detalhe” sobre o pedágio e da irritabilidade comum à maioria dos motoristas do mundo.

Pedágios e pedágios

Encerrada a narrativa, professor Afronsius e Natureza Morta lembraram que, no Brasil, o pedágio surgiu no século XVIII. A Coroa Portuguesa só autorizava a abertura da Rota dos Tropeiros se tivesse lucro. Assim, estabeleceu postos de registros. Em 1946 viria o selo-pedágio. E daí a malha arrecadadora. Paga ou fica.
Beronha, nosso anti-herói de plantão, engatou uma primeira:
– Pedágio? Está na hora de passar no Bar VIP da Vila Piroquinha e pagar o meu. Caso contrário não chegarei em casa…

ENQUANTO ISSO…


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