Leitor desde o primeiro número da Folha do Meio Ambiente, jornal fundado pelo amigo Silvestre Gorgulho, professor Afronsius acompanha agora a série Expedição Langsdorff, assinada por Miguel Flori. Após devorar a edição de novembro, não resistiu: leu para Natureza Morta e Beronha duas breves, porém profundas, passagens.
Das montanhas de Minas, Langsdorff rumou para São Paulo. Com a palavra, Flori:
– O alemão russo estava redescobrindo o Brasil por suas entranhas. Depois de perder o ilustrador Rugendas, Langsdorff consegue outro na pessoa de um multitalentoso marinheiro de primeira viagem: Hercule Florence. Ao entrar em São Paulo, não deixa por menos: “São Paulo é a cidade mais bonita que já vi no Brasil”, elogia o explorador. E complementa: “Depois do Rio de Janeiro”.
Alexandre Alexandrine
Ainda do texto de Flori, a homenagem a um escravo morto:
– Em um trecho emocionado, Langsdorff expressa a surpresa e a dor que sente ao saber que seu fiel e querido escravo Alexandre, um cabinda, com idade entre 16 e 17 anos, e há quase dez em sua companhia, é assassinado por alguns negros numa ruela de Itu, pelo dinheiro que portava destinado à compra de algodão. Anota, consternado: Para mim e para a expedição foi uma grande perda (…) Deus esteja contigo, querido Alexandre. Eu te ofereço minhas lágrimas e peço a Deus todo-poderoso que acolha tua alma.
Wilhelmine e Langsdorff dariam à silha nascida alguns meses depois o nome de Alexandrine, homenagem a seu insubstituível ajudante.
Inventário do Brasil
Em tempo: a expedição Langsdorff, empreendida de 1824 a 1829, percorreu mais de 16 mil quilômetros pelo interior do Brasil, registrando os mais variados aspectos de sua natureza e sociedade. Trata-se do mais completo inventário do Brasil no século XIX.
Os diários do médico e naturalista – “um viajante compulsivo” – foram publicados em três volumes pela Editora Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) em 1997.
Em tempo 2: Cabinda vem a ser uma das regiões de Angola, cuja capital é Cabinda – ou Tchiowa.
ENQUANTO ISSO…