Em (breves) momentos de calmaria, ele até admite (parcialmente) que é um turrão. Ou meio turrão. Estamos falando do professor Afronsius, vizinho de cerca (viva) da mansão da Vila Piroquinha. Ontem, estava irritadíssimo. Tinha ido pagar umas contas no banco.
– Uma experiência cada vez mais acachapante – resumiu no dedo de prosa com Natureza Morta e o Beronha.
Quando até a porta atrapalha
Quanto à qualidade de atendimento, professor Afronsius não fala sozinho. “Geralmente, deixa muito a desejar”, critica, mas abre o leque e amplia o alvo, englobando boa parte da clientela.
Conforme seu relato, ao chegar à agência bancária, no centro de Curitiba, topou com uma fila. Exatamente dez pessoas. Fila indiana, todas aguardando a vez para entrar.
– A porta giratória não girava?
– Não totalmente, cumpria apenas meia órbita.
Aí, contou que um cidadão era gongado cada vez que avançava após depositar, na conchinha receptora de objetos, algo metálico: começou pelo isqueiro, um tremendo Zipo, depois, nos rounds seguintes, as chaves de casa e do escritório, mais o celular e as moedinhas. Haja gongo. Mesmo com a ajuda do segurança, não tinha jeito. Sempre ficava algo “suspeito” para trás. Travamento total. E a fila aumentando.
Finalmente, o segurança perguntou se ele fumava.
– Claro, não viu o isqueiro que botei na cestinha?
– Então, por gentileza, coloque também a carteira de cigarros. Tem papel metalizado nela…
Neste round, a porta completou seu giro de 360 graus e o sujeito conseguiu entrar. Quase sob aplausos da plateia, na calçada.
– Palmas, certamente dirigidas ao atento e prestativo segurança.
Tolerância zero
Depois, bem, depois vieram os outros inconvenientes de praxe: poucos caixas (hora de almoço), cabôco utilizando o celular (bem em frente ao aviso sobre a proibição de uso do aparelho – ou similar -, sob pena de “registro policial”), a madame que, só ao desembocar no guichê, descobriu que tinha esquecido em casa o boleto de pagamento do Pet Club Top Cão, o office-boy de uma empresa com uma pilha de contas para pagar, o torcedor do São Paulo que resolveu provocar um palmeirense, vizinho de bairro, com as novas piadas sobre o rebaixamento, o menino travesso (Dênis?) que olhava para você fixamente e tascava um chute em sua canela, a turma atrás do 13.°, um simpático velhinho de barba branca e roupa vermelha e preta… etc etc.
– Mas, fazer o quê, não é? – Natureza, tentado consolar o vizinho.
– Fazer? Há sim o que fazer. Vou mandar pagar minhas contas via Sedex. Afinal, mandou, chegou.
Há depósitos e depósitos
Encerrando, e ainda a respeito de bancos, Beronha lembrou um episódio ocorrido em Curitiba, lá pelos anos 1960, e que ficou registrado em uma crônica de Stanislaw Ponte Preta. Certo dia, ao chegar para o trabalho, o gerente encontrou sobre a mesa um bem diagramado montículo de dejetos humanos.
Título do Lalau, na crônica: O estranho depósito.
Pano rápido. Ou passe o cartão.
ENQUANTO ISSO…