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Natureza nunca escondeu a sua admiração por Sócrates, os dois, mas, preferencialmente, pelo que é um dos maiores nomes do futebol brasileiro – e não apenas pelo desempenho em campo, mas muito, e principalmente, por sua atuação longe dos estádios. O nosso doutor Sócrates.
Ele, que morreu aos 57 anos, faz parte da história do país. Como atleta e cidadão. Um rebelde, sempre à esquerda. Já o solitário da Vila Piroquinha, que acompanhava as colunas do doutor na revista CartaCapital, guardou o último texto.

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Preocupação permanente

Natureza sublinhou algumas passagens de “2014 Verde”, a última coluna do doutor, que começa chamando a atenção para os “inúmeros impactos ambientais que deveriam estar entre as nossas maiores preocupações para 2014”.
E, encerrando, critica o comitê organizador, que “deveria ser dirigido por gente do Estado brasileiro, que coordenasse as inúmeras funções exercidas por diferentes fontes para endereçá-las ao mesmo ponto comum”.
Mas não: “seu organograma passa ao largo do poder público e trata tudo como propriedade privada, sem compromisso algum com o povo brasileiro, que, no fim, é quem está bancando a farra toda. Farra essa que pode jogar por terra todas as conquistas da última década, por absoluto distanciamento dos interesses nacionais. Uma inconsequência sem limites das instituições que delas deveriam cuidar”.

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Das Diretas e Cuba

Depois da campanha pelas Diretas Já, em 1984, diretas que Sócrates também queria ver na CBF, para desbancar os cartolas, Natureza recordou a Democracia Corintiana. E algumas declarações, como “eu queria que meu filho nascesse lá, em Cuba, eu queria ser um cubano. Um povo como aquele, numa ilhota, que há mais de 60 anos briga contra um império, só pode ser muito forte”.
Sobre o governo (de seu amigo) Lula, em 2009: “O melhor do Brasil é o brasileiro”.
– Sempre lutei pelo voto direto e continuo a acreditar ser esse o melhor meio de avaliação democrática. Com ele respeita-se a alternância de poder, tão necessária, principalmente naqueles tempos de ditadura militar.
Esse era Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira, um paraense de Belém.
Desconcertante até no nome, não é?

ENQUANTO ISSO...