As imagens do noticiário sobre a (recente) tragédia em Petrópolis desarquivou uma velha foto. Foi usada na televisão, quinta-feira. Ela continua a dar a dimensão do pesadelo que se repete – e parece não ter fim.
Em PB, registra um momento dramático: um rapazola carrega o corpo de um bebê, vítima das chuvas e deslizamentos em dezembro de 1982, quando morreram 67 pessoas e 300 ficaram feridas. Foi retirada dos arquivos porque o jovem de então sofreu, agora, no momento presente, outro baque, a perda de familiares e amigos na mesma região serrana do Rio.
Mais do que mil palavras
Como não foi dado o devido crédito ao fotógrafo, vale o registro. É de Carlos M. Mesquita da Silva, que ganharia o Prêmio Esso de Jornalismo daquele ano, na Categoria Fotografia – Regional Sudeste. Saiu publicada na primeira página do velho e saudoso JB, o Jornal do Brasil.
Já no livro 50 Anos do Prêmio Esso de Jornalismo, editado em 2006, a foto vem acompanhada de um texto que, preciso como fotojornalismo, começa assim:
– Para produzir catástrofes, a natureza às vezes tem no próprio homem um aliado.
E segue: “Assim, com indesejada frequência, a população fluminense sofre as conseqüências de um fenômeno natural que, ao atingir os nossos caóticos centros urbanos, acaba muitas vezes por resultar em tragédias.
(…) Em meio à detalhada reportagem sobre os acontecimentos, repleta de números e informações de todo tipo, a fotografia de Carlos Mesquita da Silva é um flagrante doloroso dessa realidade. Num bairro pobre de Petrópolis, um menino carrega o corpo do irmãozinho morto, após retirá-lo dos escombros de sua casa.
A cena representa toda a dor que pode haver na vida e dispensa comentários”.
ENQUANTO ISSO…