Pura maldade, ou molecagem, segundo Natureza Morta. Intriga da oposição, prefere Beronha. O fato é que, à boca pequena, corre pela Vila Piroquinha e arredores que vai sair uma biografia do nosso anti-herói de plantão. O autor é (ainda) desconhecido, mas Beronha já avisou que levará todos (autor, editor, revisor, impressor, distribuidor e possíveis leitores) às barras dos tribunais. E fez um comunicado à praça: “Seja lá o que for, é uma biografia não autorizada”. Mas o que corria à boca pequena agora corre com boca grande. Tanto que pequenos trechos do livro já se tornaram públicos, o que irritou profundamente Beronha.
Revelações a caminho
Precavido (afinal, como dizia Stanislaw Ponte Preta, “malandro que é malandro dorme de botina”), Beronha nega uma série de coisas, mas admite algumas. A saber:
– Não sou funcionário fantasma da OIT – Organização Internacional do Trabalho.
– Terry e os Piratas. Eu torcia para os piratas, é claro, quando lia as tiras de Milton Caniff.
Natureza aproveita para acrescentar que os quadrinhos de Milton Caniff (Terry and the Pirates) tinha como heróis Terry Ryan e Pat Lee, sempre acompanhados de Connie. Suas aventuras aconteciam nos mares da China, na década de 1930. As primeiras tiras de Terry foram publicadas de 1934 a 1935.
Beronha pede um aparte:
– Ficava com os piratas porque era lá que estavam as “mulheres fatais” como Lady Dragão, Burma, Raven Sherman e Normandie Drake.
O famoso golpe do “xalxixo”
Outra passagem já impugnada pelo anti-herói em sua possível biografia:
– Não fui o inventor do golpe do xaxixo. Apenas fiz uma correção, para preservar o português correto, acrescentando o L que faltava. Xalxixo. Mas o populacho continuou falando e escrevendo xaxixo…
Na sétima arte
Sobre suas incursões no cinema, nega que tenha ensinado passos de dança para Fred Astaire (na verdade Frederick Austerlitz) e Gene Kelly (Eugene Curran), este último no clássico “Cantando na Chuva” (Singin’ in the Rain).
– Só dei alguns conselhos, posto que comigo bom mesmo é xaxado…
Beronha admite que foi dublê de “alguns” filmes da série James Bond, mas nega que tenha sugerido ou participado da seqüência da luta em “007 Contra o Foguete da Morte” (1979), substituindo Roger Moore, que – fantástico! – começa uma perseguição no Morro da Urca e acaba nas Cataratas do Iguaçu.
Por fim, desmente que tenha mostrado os sete pilares da sabedoria ao escritor T.E. Lawrence, o Lawrence da Arábia, para que escrevesse seu livro autobiográfico.
E que tenha dado 3 passes para os quatro gols de Ziquita no empate de 4 a 4 contra o Colorado, na velha Baixada.
– O resto, diz, é bem provável que tenha sido verdade verdadeira. Como o morcego.
De fato, um morcego, pendurado no berço, foi o seu único bichinho de estimação na infância.
ENQUANTO ISSO…