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Nada contra a jovem guarda (essa é antiga…) ou a velha guarda (em especial a Velha Guarda da Portela), mas, em certos bancos, o tal de atendimento preferencial se complica e complica a coisa. Quase se transforma em Atletiba, deixando de lado a questão da idade, que ajudou a marcar o último clássico.
– Com poucos caixas, não há tatu que aguente – queixou-se professor Afronsius, que garante não se enquadrar em nenhuma das categorias acima, posto que, como diz Beronha, ainda está flanando na faixa etária “regular do meio”.

CARREGANDO :)

Fila A x Fila B

Na segunda-feira, um dia já normalmente xarope, principalmente pela manhã, teve de encarar uma fila. Garante ele, até sob juramento, se for o caso, que havia apenas dois funcionários nos seis cubículos dos caixas da agência da Vila Piroquinha de um certo banco não estatal, mas que, como os demais, constantemente exibe balanços com lucros fabulosos.
Seu relato.
De um lado, na, vamos chamar de fila B, dez pessoas aguardavam o toque do painel eletrônico. Na fila A, dos mais experientes, cinco. À medida em que o tempo passava, as bichas, como diriam nossos irmãos portugueses, iam aumentando, espichando. Instalou-se no recinto o inevitável e característico tremendo mal-estar, à beira da explosão.
– Pior do que fila de supermercado em véspera de feriadão.
Chegou-se a um ponto tal que, ao ser descartado e expelido pela porta giratória mais um candidato à fila A, ele fazia ferver ainda mais o caldeirão de irritação dos componentes da fila B.
– Resmungos, profundos suspiros, silvos pelas narinas, cenhos fechados, nervoso tamborilar de dedos no corrimão. Temi por um iminente confronto – na base de bengaladas e pontapés, na falta de paus e pedras.
Para complicar, volta e meia um cliente da fila A, cabelos brancos ou fortemente camuflados (no caso, dona Margarida Anteontem), confessava ter esquecido o cartão. Ou a senha. E desfiava o rosário. Tudo culpa do genro – ou da nora.
E a fila aumentando. A deles e a outra, a dos genéricos.
É que, na fila B, contribuía para a aceleração da central de irritação a chegada do pessoal das pastinhas, sacando um batalhão de bloquetos a vencer no dia.
– Por que você não foi ao caixa eletrônico? – indagou Natureza Morta.
– Porque não sou correntista daquele banco, não tenho cartão. E como era uma multa de trânsito – parar sobre uma nesga da faixa de pedestre na mudança de sinal, fiscalização eletrônica -, apenas dois bancos estão autorizados a receber a dita cuja.
– Ah, ah! Pisou na bola, hein? Quantos pontos na carteira? – provocou Beronha, nosso anti-herói de plantão.
– Quatro. Mas não fui eu. Era o carro da patroa, que me pediu gentilmente para ir ao banco. Só me entregou a notificação, não os R$ 85,13, é claro.
Pulando no tempo, já que a fila nem ao mesmo se arrastava, professor Afronsius concluiu:
– Fiquei exatamente 50 minutos à espera da vez. Cronometrados. Finalmente, quando encostei a barriga no balcão, tratei de livrar a cara e fugir de uma possível troça enquanto a moça examinava a “notificação de imposição de penalidade”:
– Como você pôde ver, não tenho nada com isso.

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Um segundo castigo

Encerrando, o vizinho de cerca (viva) da mansão da Vila Piroquinha fez questão de tornar pública sua sugestão à Secretaria Municipal de Trânsito:
– Para que a multa tenha realmente o efeito educativo pretendido, deveria ser paga obrigatoriamente pelo motorista infrator. Poupando os intermediários da segunda penalidade, a fila.

ENQUANTO ISSO…