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Ao conferir o saldo bancário, professor Afronsius levou um susto. Não propriamente com o saldo (“permanece razoável”), mas com a intimação – ou seria repto? – que veio no fim do papelzinho expelido pelo caixa eletrônico:
– Beneficiário do INSS deve realizar prova de vida na sua agência bancária. A não realização do procedimento acarretará na (sic) suspensão do crédito do beneficiário em conta.
– E aí? – interessou-se Natureza Morta.
– Pensei de imediato: Xi! Recado pra quem morreu e esqueceu de deitar…

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Ainda durante o susto

Continuando o papo, professor Afronsius disse que imaginou como seria a tal prova:
– Espero que não seja a de 100 metros rasos. Ou corrida de obstáculos. Estou meio enferrujado. Mas poderia ser pior.
– Pior?
– Sim. Levantar prontuários do IML ou de funerárias para obter uma certidão… O óbito, ops!, o óbice seria de matar… Vade retro – desculpe o trocadilho pouco inspirado. Resumindo, o jeito foi encarar. E lá fui eu.

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Na fila, forte expectativa

No dia seguinte, de volta à agência, identidade mais CPF à mão e munido até de um comprovante de residência (“uma conta de luz, não uma certidão de proprietário de terreno no Cemitério da Água Verde”), professor Afronsius encarou o desafio.
– Foi rápido. O caixa tocou piano no computador e eis que surgiu um papelzinho de outra engenhoca.
– E aí? – Natureza cada vez mais impaciente.
– Abre aspas. “Beneficiário, sua prova de vida foi realizada com sucesso”. Fecha aspas.
– Concluída com sucesso? Estaria você morto?
– Não. Estou vivo, apesar dos parcos caraminguás da aposentadoria…
Beronha nunca vai viver tal experiência, posto que nunca foi dado ao trabalho (“suspeito que nasci em berço de ouro”) e, assim, jamais será um pensionista. Mesmo assim, nosso anti-herói de plantão meteu o bedelho:
– Provar que está vivo. É bom ou é ruim?
– Regular do meio. Pior se eu fosse apontado como insubmisso do Exército. Ou excedente de Medicina. Lembram vocês da bronca de 1965, com acampamento de estudantes na praça em frente à UFPR?
– Sim, mas ruim mesmo seria o carimbo de insubmisso de São Pedro.
– Estás vivo, então.
– Sim, afinal, deixei de trabalhar e agora, quem sabe, poderei ganhar muito dinheiro – encerrou o vizinho de cerca (viva) da mansão da Vila Piroquinha, sem antes ressaltar a importância da iniciativa do INSS no combate a fraudes e outros bichos.

ENQUANTO ISSO…