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Então o jornal vai acabar?


É o que andam discutindo na mídia. Que o jornal impresso, assim como o conhecemos -papéis que soltam tinta nos dedos- vai acabar. Eu não acho, talvez eles mudem, se tornem algo diferente e melhor. Quem sabe, comestíveis. Quem sabe, no sabores hortelã e tuti-fruti?

Penso que uma revolução dessa proporção deve afetar muito mais profundamente outros segmentos da sociedade, do que propriamente o jornalismo.
Pensem em como ficará a vida dos pintores de parede. Com o que eles forrarão o chão quando estiverem passando as famosas demãos em nossas casas? Com notebooks e i-pods usados espalhados pelo assoalho? Ou a Apple desenvolverá uma tecnologia especial de plástico para eles também? A outra alternativa é eles pintarem as paredes com lápis de cor e giz de cera.

E o impacto que isso causará no cotidiano de uma peixaria? Algo assim só é comparável com o que aconteceu nos tabelionatos, quando as Remington’s e Olivetti’s se tornaram tão úteis em suas mesas quanto um tecelão na SP Fashion Week. Talvez os peixes, no futuro, venham embrulhados em jornalistas de verdade, contratados especialmente para a função.

O triste é que o jornal não se tornou parceiro do Mico-leão-dourado no rol das espécies em risco de extinção apenas por causa da tecnologia ou de outras mídias concorrentes. Mas sim, porque cada vez mais pessoas fazem a franca escolha de serem simplesmente alienadas e mentalmente preguiçosas, consumindo apenas o que vem derretido em espessas camadas de futilidade, como BBB’s e lixos do gênero. É mentira, Terta? (Benett)


Crinças devem ser comparadas? Não, mas…

Brilhante texto do meu amigo Victor Folquening, já publicado na Gazeta do Povo:


Pâmela e Olga são paranaenses, e esse é o único ponto comum entre as duas. Pâmela, 8 anos, luta contra bronquite, diarréias e feridas insistentes, problemas agravados pelo chão de terra úmida de sua casa. A saúde de Olga, 3 anos, só foi abalada até hoje por um problema de pele, resolvido com 120 dias de medicação adequada.

A fome é uma constante na vida de Pâmela, seu peso é três quilos a menos do que o aceitável para a idade. Olga mantém o peso ideal desde que nasceu, favorecida por uma dieta balanceada que não admite alimentos sequer de média qualidade.

Pâmela talvez não dure na escola: precisa ajudar no sustento de suas sete irmãs naturais e uma adotiva. As irmãs mais velhas, de 14 e 15 anos, já estão fora da sala de aula. Olga recebe uma educação personalizada desde que ficou em pé sozinha pela primeira vez.

Há mais uma diferença fundamental entre as duas. Pâmela é uma criança da Vila Nova, favela de Ponta Grossa, interior do Paraná. Olga é uma cadela pug e vive em uma casa de classe média de Curitiba.

Continua aqui: Não!

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