Há alguns anos um incidente no supermercado me deixou realmente envergonhado. Eu estava na fila do caixa rápido e era o próximo a ser atendido quando um sujeitinho mirrado entrou na minha frente e disse “… e eu vou entrar na tua frente.” Eu estava meio bêbado e custei a acreditar no que estava vendo. Ele vai fazer isso assim, na cara dura? O cara estava duplamente errado: primeiro por furar a fila, que era consideravelmente grande. E depois por ter um carrinho com bem mais de 15 produtos.
Eu não briguei, mas fiquei falando algumas ironias em voz alta e olhando fixamente para ele. Eu estava de bom humor, mas aquilo tinha me deixado meio emputecido. Não teria problema algum em deixar alguém passar na minha frente, desde que pedisse com educação e todos os demais da fila concordassem. Mas ali ele estava me comunicando que iria furar a fila.
Aí então comecei a dirigir uns impropérios para ele, que não levantava a cabeça. Então a mulher dele entrou na discussão e começou a me xingar alto. Percebi, pela atmosfera de ódio no ar, que eles já haviam brigado em outro caixa e, por isso, correram tomar a vez dos otários do caixa rápido. Nada é tão ruim que não possa ser piorado.
A mulher tinha um bebê no colo que estava chorando. O terceiro erro da dupla era levar um bebê para fazer compras as 23h, convenhamos, é meio que chato para a criança. Enfim, o casal conseguiu o que queria, passou na frente de todo mundo e eu acabei sendo vigiado de perto por seguranças grandalhões, como se EU estivesse errado – tá, eu tava meio bêbado e agora falando mais alto, mas mesmo assim acho que o erro é de quem fura a fila. Mesmo porque eu já estava ali há uns dez minutos.
Hoje no buffet do restaurante uma mulher furou a fila. Eu estava terminando de servir a salada quando ela sorrateiramente passou na minha frente. Outra vez eu não teria nenhum problema em ceder a vez, se ela e a filha estivessem desesperadamente com fome, mas passar assim, na malandragem, é bem irritante. Um belo exemplo para a filha, minha senhora.
Dia desses um sujeito estacionou o carro em frente a uma creche, numa vaga reservada para embarque e desembarque de crianças. Tem uma placa imensa de proibido estacionar ali. As professoras reclamaram e ele disse “eu tenho direito, pago meus impostos”. Até onde sei os pais das crianças da creche também pagam impostos e nem por isso eles vão estacionar o carro na entrada da garagem do filho da puta.
Esse tipo de pessoa que acha que tem privilégio sobre as demais, que o mundo tem que esperar a vontade delas é o que mais tem por aí. Um dia vi uma SUV imensa estacionada na rampa de acesso para pessoas portadoras de deficiência da calçada. Detalhe: o sujeito estava na missa!
E assim seguimos, com pessoas que não entendem bem o que é viver em sociedade, mas estão cheias de razão em reivindicar seus privilégios sobre todos os demais mortais.
Benett
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