Ah, aqui estou eu estreando meu blog novo! Meu terceiro blog, é bom lembrar. Eu já tenho um chamado Benett-o-matic, sobre besteiras em geral e outro chamado Charge-o-matic, sobre besteiras políticas. Ai, meu Deus, eu tô desesperado! Mal consigo ler meus e-mails, quanto mais atualizar TRÊS blogs diferentes. Só eu mesmo para me meter nessas enrascadas.

CARREGANDO :)

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Algumas divagações inúteis, para começar:

O Encantador de chargistas

Engraçado como a charge tem estado em alta ultimamente nos cursos de jornalismo. Neste final de ano fui entrevistado por uns 10 alunos que preparavam seu TCC (Trabalho de Conclusão de Curso – aliás, no meu tempo se chamava Projeto de Conclusão de Curso. Mas acho que mudaram o nome para não confundir a sigla com a do grupo daqueles caras mal-encarados, especialistas em outro tipo de falcatruas) sobre o assunto. Desconfio que me procuram por falta de opção mesmo. Não acho ruim, afinal, dá a aura de cientificidade e ligitimidade que nossas piadas superficiais tanto precisam.

Sempre me fazem aquela clássica pergunta “o que é charge?”. Eu digo que é um chocolate de amendoim que gruda nos dentes. E eles sempre me dizem que é preciso talento para fazer charges. Bem, eu acho que com cacau e um pouco de açúcar você consegue charge e talento, e o maior beneficiário disso não é o leitor de jornal, mas o dentista. Eles me olham com aquela cara de “ele tá me gozando ou o quê?”.

Uma criança me perguntou o que é ser chargista. Digo que ser chargista é trabalhar doze horas por dia, ter uma dor crônica nas costas, vistas cansadas, não ter certeza se vai arranjar grana para pagar as contas no final do mês. E ele me pergunta resignado qual é o lado bom disso tudo? E eu respondo, esse é o lado bom!

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Um famoso comediante americano, especialista em trocadilhos e abelhas, contou uma história para um stand-up principiante, que se aplica muito bem àos chargistas. Diz que a banda de Benny Goodman -ou Artie Shaw ou Woody Hermann- excursionava por um lugar remoto dos Estados Unidos quando o ônibus em que viajavam teve de parar, porque não vencia a neve na estrada. Então os músicos pegaram seus instrumentos e terminaram o trajeto a pé, uns 10 km, caminhando na nevasca, com frio, fome, sede. No meio do caminho, encontraram uma casinha com uma luz acessa. Eles olharam lá dentro e viram uma família perfeita, aquecida pela lareira, fazendo uma refeição deliciosa. Então um músico olhou para o outro e disse: como eles conseguem viver assim?

Linda história, não? Poderíamos substituir os músicos por chargistas, mas chargistas não excursionam. Só de vez em quando, migram da direita para a esquerda e da esquerda para a direita.

Ser chargista não é simples. Você precisa saber desenhar, ter idéias engraçadas , ser crítico e ter um estômago de aço, para aguentar o noticiário político. Não é fácil acompanhar as notícias de Brasília todos os dias. Sempre que termino de ler o jornal, me sinto impelido a tomar um banho.

É terrível você ter que ler sobre criaturas sombrias, nebulosas, gosmentas, que até então você só tinha visto em documentários do National Geographic. Vocês dão risada, se divertem com as charges mas… ter de se inteirar sobre o que fazem Renan Calheiros, Jader Barbalho, Sarney, Wellington Salgado, Zé Dirceu, Palocci e etc, não é coisa fácil. As charges e as lingüiças têm, basicamente a mesma origem e o mesmo método de produção. É bom consumí-las, mas não é legal acompanhar sua produção.

As vezes penso que os chargistas brasileiros são abençoados por viver num país tão injusto.

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Benett