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Samia Marsili

Samia Marsili

Rotina familiar

Voltar para casa

Imagem ilustrativa. (Foto: Marcio Antonio Campos com Midjourney)

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Um dos sentimentos mais comuns, mais universais entre todos os seres humanos, é o desejo, a ânsia, a alegria, avidamente perseguida, de voltar para casa. Dizia Novalis, o romântico alemão, que “estamos sempre voltando para casa”, e esta parece ser de fato uma bela metáfora para a vida do homem sobre a Terra. Todos sentimos, de um modo ou de outro, mais cedo ou mais tarde, que este mundo não é de fato o nosso lar, e sentimos a nostalgia de regressar para uma paz que nos acolhesse tal como somos... Quem não se lembra da antiga história de Odisseu, o herói dos mil ardis, que tanto teve de enfrentar até regressar ao seu lar? E é o que sentimos todos os dias, o que buscamos no caminho de volta, sempre longo, para o aconchego da nossa casa. Em casa descansamos. São de memória perene aqueles trechinhos de Gustavo Corção, em Três alqueires e uma vaca, que rezam assim:

“Na rua, no emprego, no convívio com os companheiros de trabalho, o homem se fragmenta em funções. Aqui é o passageiro, logo adiante o pedestre, mais tarde o dentista ou o carpinteiro. Acidentalmente, num encontro de esquina, é um ex-colega; nas bancadas é um companheiro; no barbeiro, um freguês; no médico, uma ficha. Visto do alto de uma sacada ditatorial, ele torna-se um infinitésimo átomo social, uma célula, entre milhões, desse monstro informe e fluido, que hoje tem o nome de povo. Desde que sai de casa, seu trajeto o expõe a todas as transmutações: vai mudando de título, vai mudando de nome, e em algumas repartições mais eficientes muda também de casaco. Nada existe no mundo que tanto mude e transmude como um pobre cidadão. (...) É a casa que restitui ao homem o que ele é. Na rua, na função, o homem espalha a sua própria substância, gasta-se no que é, aflige-se em sua unidade, sofre em sua liberdade; em casa, todas as funções sociais, as maiores e as menores, ficam no capacho da entrada, e o homem que chega, que toma posse de seus domínios, é um homem inteiro e livre. Em casa ele recupera, com o chinelo, a personalidade e o nome de Batismo.”

É a casa que restitui ao homem aquilo que ele é, porque, antes de sairmos pelo mundo a desempenhar papéis sociais, somos pessoas; e os nossos filhos, que criamos em casa, e não no mundo, são sobretudo pessoas, pessoas sendo educadas, para que só então, como pessoas, saiam para exercer no mundo as suas funções. “A casa de família é, pois, um viveiro de amizade; é o lugar onde se elabora o fermento que o homem leva e espalha pela cidade, tornando-a habitável”, diz o mesmo texto, umas páginas antes.

Então, quão difícil não é quando isso está em crise? Não digo para a sociedade, o que seria um problema grande para se abordar agora, mas para nós mesmos. Sem a segurança e o abrigo da casa da família, em sua harmonia e em sua paz, a nos restituir a pessoa que somos após as labutas no mundo, que é feito de nós?

Um dos sentimentos mais comuns, mais universais entre todos os seres humanos, é o desejo, a ânsia, a alegria, avidamente perseguida, de voltar para casa

E não é verdade que muitas vezes nos sentimos expatriados do próprio lar, como se não pertencêssemos bem àquele lugar, ou como se estivéssemos sobrando, ou até mesmo piorando-o? Não tem dias em nossa vida – e talvez não sejam poucos – em que, olhando ao redor, só conseguimos pensar em fugir, desistir, em querer que o trem pare para a gente descer? Essa sensação de “perder a mão”, de “perder o fio da meada” pode advir das dificuldades com as crianças, com a rotina da casa, ou então por causa do nosso emprego fora de casa. As dificuldades e as fontes de estresse podem ser tantas e nos oprimir de tal modo que não consigamos retomar a tranquilidade, que logo comecemos a perder a esperança – como fazem as outras mães para ter um ambiente tranquilo com crianças pequenas, o que estou fazendo de errado? Será que sou mesmo capaz? –, e então, perdendo a esperança, começamos a perder ainda mais o controle e ordem das coisas... Corremos o risco de achar, especialmente as que temos funções de trabalho fora do lar, que a nossa presença está mais atrapalhando do que ajudando a rotina da casa e a rotina com as crianças, o andamento da casa e o cuidado com as crianças. Sentimos, então, a forte tentação de “terceirizar” toda a educação deles, tendo a errônea impressão de que isso seria melhor para todos. Podemos criar a ilusão de que os nossos filhos, e a nossa casa, ficam melhores sem nós.

Cansados do mundo – isto vale para os pais também, embora de outro modo –, enfim voltamos para casa, ansiosos por nos livrarmos daquela roupa e daqueles sapatos, que tão bem representam o cansaço e o mundo, e enfim sermos apenas nós mesmos, sermos restituídos naquilo que nós somos, como disse Corção, e encontrarmos aquelas pessoas que mais amamos. Mas então acontece, contra nossa expectativa, de as pessoas que estavam cuidando dos nossos filhos, sejam avós, babás, professoras, ou nosso cônjuge mesmo, dizerem algo como: “Nossa! Ele estava tão bem... até você chegar”. Temos a sensação de que estragamos uma coisa boa que estava acontecendo e que estava em franco andamento – mas isso não é verdade. Nós podemos também pensar que isso se deve a uma falta de autoridade nossa, e que aquelas pessoas que estavam cuidando das crianças são melhores educadores e têm mais autoridade sobre eles. Mas não, não necessariamente.

Na verdade, ocorre muitas vezes de essas reações estressadas das crianças com a nossa chegada – por exemplo, de choro, de não aceitar comer ou tomar banho, de ficar talvez um pouco agressiva, ou pelo menos um pouco mais irresponsiva ou desobediente – terem sua raiz, paradoxalmente, na saudade, no amor, na confiança que têm em nós. Pode ser fruto do desejo de estar na nossa presença, que estava então contrariado, reprimido; pode vir da sensação de abandono: da tristeza por ter, antes, saído da sua presença, o que agora, por contraste, fica sensível, e extravasa.

Isso acaso não acontece também conosco, adultos? Ao menos para nós, mulheres, é fato que acontece. Quantas vezes não estamos atarefadas com a rotina dos nossos filhos na expectativa de o nosso marido chegar, alimentando uma crescente ansiedade? E o que faremos, em tese, quando ele chegar? Ficaremos alegres e satisfeitas, pensando “que bom que ele chegou!”, e que bom que chegou a ajuda, o apoio com quem posso dividir as tarefas, dividir as alegrias e frustrações que tenho com as crianças. Oh, enfim poderei talvez descansar uns instantes, pelo que tanto esperei, poderei ir ao banheiro sem nenhuma criança batendo à porta! Que bom que ele chegou... – E é assim que reagimos? A alma humana, e mais ainda a feminina, tem os seus jogos de espelhos e as suas aparentes incoerências... Pois nossa reação pode ser, em geral, expressar o oposto, e demonstrar uma certa irritação. Em vez de nos alegrarmos porque ele enfim chegou, pensamos: “Por que demorou tanto? Por que não pôde sair antes do trabalho?” Gostamos que ele enfim chegou, mas acabamos protestando pelo tempo... em que ele não havia chegado!

Com as crianças, que têm ainda menos desenvolvidas as habilidades de racionalização, a compreensão de suas próprias emoções, em suma, todas as suas faculdades, é comum e compreensível que, quando voltamos para casa do trabalho, ou, mesmo que não trabalhemos fora, quando temos de sair e então regressamos, as crianças reajam com essa atitude de protesto, como que dizendo, com seus gestos, “por que a senhora teve de sair? Eu queria tanto que estivesse aqui, queria ter estado o tempo todo ao seu lado, não compreendo por que estivemos distantes”. Nas crianças pequenas, esse protesto vem sob a forma de choro, de uma desobediência, de uma irritação, e em relação a você. Ela quer e não te quer ao mesmo tempo, é um misto de emoções. Precisamos compreender que isso que elas demonstram nesses instantes, e, no caso das mais velhas, as coisas desagradáveis que venham inclusive a dizer nesses momentos não são a verdade.

Mas tem nisso um ponto ainda mais importante, que é as crianças compreenderem, com a nossa chegada em casa, com a nossa presença e na relação que têm conosco, que somos, para eles, uma voz de comando diferente, uma voz de comando bastante privilegiada. As outras pessoas que venham a cuidar dos nossos filhos na nossa ausência, seja a avó ou a babá, devem ter, certamente, zelo pela ordem e pela rotina, e por instruir nossos filhos, durante aquele período, a fazerem as coisas corretamente. Porém a sua intenção dificilmente será, como a nossa, mães, uma intenção sempre educativa. Quero dizer, essas que nos auxiliam querem cumprir bem o seu tempo, querem fazer o dia correr, e as coisas funcionarem; querem que as crianças se portem bem, e que não se machuquem. Para aquilo com que elas se comprometeram e que lhes cabe por dever, basta. Mas para nós, que nos comprometemos com educar verdadeiramente o coração daquelas pequenas vidas que geramos, não por agora, mas tendo em vista as consequências que isso acarretará para sempre, para nós cada um dos detalhes importa muito mais. Nossos filhos têm de sentir essa diferença, e compreendê-la em seu íntimo, tanto que possam contar com ela. É assim que sentem nosso amor incondicional.

Eu sei, e compreendo, que nós, como mães, muitas vezes nos sentimos culpadas por termos de sair, seja para trabalhar todos os dias, seja para fazer as outras atividades que nos cabem; e, assim, não queremos estar sempre num “pé de guerra” com nossos filhos, e ser para eles a autoridade inflexível e carrancuda. Chegou a mãe, chegou a ordem! Chegou a organização, a rotina, a que manda tomar banho, estudar, e tirar os sapatos... Ora, nós não estamos apenas tentando “tocar a casa”, estamos sempre tentando fazer com que eles se eduquem; mas também é verdade que queríamos que eles gostassem de nós tanto quanto gostam da vovó ou da babá; queríamos ter momentos afetivos, e principalmente que a memória afetiva da nossa chegada em casa fosse muito boa. Queríamos que eles desejassem nossa volta para casa. Isso é confuso, é difícil, e vem, de novo, aquela tentação, que diz dentro de nós: “Talvez fosse melhor eu não chegar; talvez fosse melhor a avó ou a babá tocar as coisas, porque parece que eu atrapalho”. Ou então: “Parece que eu não sei bem o que fazer...”.

Seria preciso muito mais tempo para deslindar tudo o que está envolvido nesta aparentemente simples e pequena situação, e eu busco fazê-lo, inclusive, em meus outros canais de comunicação. Aqui, por hoje, eu gostaria de ressaltar quatro pontos que me parecem cruciais, pontos sobre os quais nós podemos agir muito concretamente. Devem ajudar especialmente as mães que passam mais tempo fora de casa, inclusas as que trabalham fora, mas não só; mesmo as mães que estamos a maior parte do tempo em casa com os filhos podemos também perder a mão, o fio da meada, e deixarmos que se crie, em pouco tempo, uma situação de estresse e de desnorteamento. Isto porque nos falta exame de consciência, reflexão, um momento que nos permita ajustar o norte para o caminho de uma melhora, e acabamos deixando de ser a senhora da nossa casa, a senhora dos nossos filhos – e logo a senhora da nossa própria história. Estes quatro pontos pretendem ser quatro pedrinhas brancas, como na história de João e Maria, num caminho de volta para casa.

Ensinar não é falar para as crianças o que têm de fazer; ensinar é fazer junto, é literalmente pegar pela mãozinha, e fazer com que elas façam, mostrando

O primeiro ponto é este, muito básico, tão fundamental: Precisamos planejar o nosso dia. Muitas mães podem logo saltar dizendo que não tem jeito, que não conseguem, que não são organizadas, e que já abandonaram a ilusão de utilizar um quadro, uma agenda ou um planner. Muito bem, devo confessar que também não sou, por natureza, uma pessoa muito organizada. Mas especialmente por isso é que posso afirmar com certeza a diferença que isso faz. Quando não planejamos o nosso dia, ele não está em nossas mãos; nós é que estamos nas mãos das muitas demandas que o dia vai nos trazendo, deixamos que tomem conta de nós e ficamos despedaçadas, puxadas para todos os lados. E, muitas vezes, o nosso dia só começa mal porque não o planejamos, e, uma vez que tenha começado logo com um tropeço, é difícil retomar uma boa marcha, e vamos, doidas e infrenes, até o pôr do sol.

Planejar o dia tira de nós uma ansiedade enorme, dá-nos uma grande sensação – e que não é uma pura sensação, mas tem base na realidade – de domínio sobre as situações. Tira de nós aquela perturbadora impressão de que talvez devêssemos estar fazendo outra coisa. Pode até ser que uma demanda urgente invada nosso planejamento, mas então saberemos com certeza que estaríamos, em tese, fazendo outra coisa, e qual era ela, e essa sensação não será perturbadora, mas apenas estratégica, por assim dizer.

Precisamos tentar ter o nosso dia na nossa mão, ou acabamos não fazendo o que temos de fazer, e dando desculpas como as de que precisamos de um descanso, de uma distração. Começamos a nos distrair com o Instagram, com o YouTube, e, no fim das contas, o que está acontecendo é que estamos fugindo das nossas obrigações. E assim vai passando o tempo precioso que temos para educar nossos filhos, e que não volta mais.

É importante deixar algumas coisas efetivamente preparadas no dia anterior. Temos de zelar pela pontualidade, e com especial atenção pelo momento inicial do dia, em que recolhemos nossa atenção e renovamos os propósitos. Tudo isso nos permite a calma de tratar cada um dos nossos filhos como as pessoas únicas que são, acordando-os com um beijo, e incentivando-os a fazerem uma breve oração. Nada disso se faz na pressa, num horário aleatório, com tudo por resolver e num clima de afobo e confusão. Além do mais, para que o nosso planejamento seja eficaz, é preciso também que tenhamos boa noção de quanto tempo é de fato necessário para que as coisas sejam feitas, de quanto tempo as crianças precisam para fazê-las, pois são mais lentas do que nós. Grande parte das confusões que acontecem, e dos castigos, das ameaças, das palmadas, acontecem nesses momentos de pressa e de irritação; e, se fazemos as coisas por eles, atrapalhamos a construção da sua autonomia, e lá se foi novamente a sua educação. Muita coisa depende desse plano do dia.

O segundo ponto é o ponto de achar, e dizer, que a criança deveria fazer alguma coisa simplesmente porque você já disse mil vezes (“e não aguenta mais repetir”). Tenham isto bem claro: você não pode se cansar de dizer, e não importa que tenha dito mil vezes; talvez seja preciso dizer mil vezes um milhão. E mais que dizer, é preciso mostrar, e mostrar de novo, e conduzir, e reconduzir, pois é exatamente nisto que consiste a tarefa de educar, e em nenhuma outra coisa. Em, pacientemente, e com amor, repetir e repetir a trilha do caminho do acerto e do bem, até que esse hábito se fixe e, fixando-se esse hábito, até que a criança ou o jovem consigam desfrutar do bem intrínseco que há nessas ações. A frustração, o cansaço e o sentimento de impotência nos acometem às vezes, é verdade, mas não devemos ceder a eles. Olhemos para nós mesmas: quem de nós começa a fazer as coisas certas, e deixa de fazer as bobagens que faz, só porque ouviu que é errado e lhe foi dito o que deveria fazer? Não precisamos imaginar nada mirabolante: hábitos saudáveis e alimentação, por exemplo.

No princípio, ensinar não é falar para eles o que têm de fazer; ensinar é fazer junto, é literalmente pegar pela mãozinha, e fazer com que eles façam, mostrando. Só depois de meses ou anos é que poderemos exigir das crianças obediência com relação a essas atitudes, apenas mandando fazerem ou esperando que o façam por consciência própria – e isso é normal. Nós os conduziremos pela mão até a autonomia. Aos poucos, sempre explicitando e verbalizando para eles a própria rotina, que nós estabelecemos, e sendo seus guias nela.

O terceiro ponto é que você não pode estar toda hora desatenta e com a cabeça em outra coisa. Bem, os celulares hoje em dia são um problema enorme. Já falei um pouco a respeito, e não preciso me repetir. Mas, para além dos celulares, é comum não estarmos atentas no momento em que pedimos as coisas para as crianças. Imagine pedir algo ao menino sem ao menos notar que ele está no momento mais legal da sua brincadeira, prestes a terminar de montar seu pequeno império? Pode ser que seja injusto, inadequado pedir aquilo a ele naquele momento... Não adianta reclamar que não fazem o que você pede, porque você não está atenta, e a sua desatenção faz com que você perca a sua autoridade.

As pessoas vêm antes das coisas, e as coisas todas estão aí para as pessoas, e para nada mais. A rotina foi feita para as pessoas, e não a pessoa para a rotina

Estamos desatentas, também, quando estamos com a cabeça em outro lugar, quando gostaríamos de estar fazendo outra coisa. Assim divididas, começamos a achar que os nossos filhos estão nos atrapalhando, e isso faz com que percamos a paciência com eles. Rapidamente, nossa imaginação começa a elaborar que alguém deveria estar nos ajudando, e começamos a nos vitimizar e a nos justificar, como quem diz: “Tenho todos os motivos para perder a paciência, para me irritar”. Não é por aí que as coisas vão funcionar... Isso só aumenta mais ainda a nossa irritação, não só com os nossos filhos, mas com todas as outras pessoas, e só faz aumentar o caos e a angústia. É preciso estar inteira e atenta no que se faz, entregue ao presente. Se há outras coisas que gostaríamos ou deveríamos estar fazendo, é o ponto 1, o planejamento, que vai nos ajudar.

E o quarto e último ponto, que não deixa de ter relação com o anterior, é a falta de amor nas pequenas coisas. Nesse afã de querermos resolver toda a nossa vida de uma vez, e de fazer as coisas com pressa, começamos a nos esquecer de que as pessoas vêm antes das coisas, e de que as coisas todas estão aí para as pessoas, e para nada mais. A rotina foi feita para as pessoas, e não a pessoa para a rotina. Nós fazemos uma rotina para que essa pessoa, esse meu filho, seja educado: a rotina tem uma intenção educativa, e não de adestramento. Precisamos ter essa sensibilidade, para que, apesar de tudo, a criança se sinta amada, segura, e assim tenha uma boa autoestima. É o olhar para os detalhes, é esse cuidado e esse amor que fazem com que o nosso ambiente familiar esteja mais tranquilo, que os seus filhos estejam mais responsivos a você. Algumas coisas da rotina são sanadas, simplesmente, porque crescemos no amor e, por amor, na atenção aos detalhes: Não esquecer das coisas da escola. Cuidar do uniforme para que ele esteja bem posto, e não amassado, sujo ou manchado. Cuidar do material, e para que ela tenha todos os materiais que a escola solicitou. Assinar o papel que foi pedido na escola. Pagar o passeio que é preciso pagar. Marcar o aniversário enquanto é tempo. Buscar no horário. Dizer que estamos rezando por eles, para que superem determinada questão. Perguntar coisas específicas: não apenas “como foi na escola hoje?”, mas saber, e lembrar, e dizer “como foi na educação física hoje com a chuteira nova?”. Esses detalhes são tudo. Não os deixe passar.

Creio que estes pontos possam nos ajudar a retomar um norte, a reafirmar um eixo que esteja abalado, num ambiente familiar prejudicado, possivelmente caótico, tenso e estressado. Pois essas coisas definem e fortalecem a relação que nós temos com nossos filhos e com nossa família pelo fundamento, que é seu objetivo e seu sentido. Nós queremos amá-los, amá-los na prática, e isso será feito educando-os, quer dizer, fazendo tudo com eles perseguindo uma intenção educativa, e não meramente instrutiva. Isso constrói quem somos em casa, define que mãe somos para eles, e o que podem esperar de nós. Isso preenche, no coração deles, a nossa imagem, o que podem esperar de nós. Isso define quem é a pessoa que eles esperam ao fim do dia, quem é que vai – até que enfim! – chegar em casa, ao fim de uma jornada. E em casa, onde devemos ser “restituídas naquilo que somos”, é nessa mãe que seremos restituídas. E mesmo quando estivermos fora, por mais tempo e mais longe que estivermos, estaremos, ininterruptamente, alimentando e construindo dentro de nós essa mãe que ama, e nem nosso lar nem nossos filhos nos sairão da cabeça. Nós passaremos o dia inteiro voltando para casa.

Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos

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