Fachada do edifício sede do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).| Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil.
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Mark Twain foi um dos maiores escritores de todos os tempos. Entre suas obras, encontra-se o clássico da literatura norte-americana As aventuras de Huckleberry Finn. Twain também é conhecido por ter a sua morte anunciada prematuramente pela imprensa em duas ocasiões, tornando-se um dos recordistas em obituários prematuros.

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Na primeira vez, em 1897, enquanto Twain estava em Londres para cobrir a comemoração dos 60 anos do reinado da rainha Vitória, um jornalista do New York Herald foi enviado a sua casa nos Estados Unidos, diante de rumores de que ele estava pobre e gravemente doente, à beira da morte. Twain, em uma entrevista, relatou o episódio, esclareceu que quem estaria doente era um primo dele e, com seu bom humor característico, afirmou que “o relato sobre minha morte é um exagero”.

Em 1907, o New York Times noticiou que Twain poderia ter morrido afogado no mar, após temporária perda de contato com o iate no qual ele viajava. Superado o episódio, Twain concedeu entrevista (“Twain hesita em admitir que está morto”, New York American, 5 de maio de 1907) informando, mais uma vez com o bom espírito característico, que o rumor de que ele teria se perdido era infundado e que ele “honestamente não acreditava que teria se afogado, mas que iniciaria a mais rigorosa investigação para determinar se estava vivo ou morto”. Comprometeu-se a informar de imediato a população caso descobrisse que estava morto.

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Nas últimas semanas, pulularam declarações de adversários políticos e mesmo matérias jornalísticas especulativas declarando a morte prematura de meu mandato de senador, antevendo uma cassação pela Justiça Eleitoral

Twain morreria, de ataque cardíaco, apenas em 1910, quando da passagem do cometa Halley pela Terra. No ano anterior, ele havia declarado que veio à vida na anterior passagem do cometa, em 1835, e que partiria com ele, em uma afirmação premonitória, muito melhor do que as referidas barrigadas jornalísticas.

Nas últimas semanas, pulularam declarações de adversários políticos e mesmo matérias jornalísticas especulativas declarando a morte prematura de meu mandato de senador, antevendo uma cassação pela Justiça Eleitoral. Nada de novo sobre a face da terra. No ano passado, durante a campanha, um desses adversários alardeou em comício que “Sergio Moro não será senador”, o que me rendeu muitos votos, dada a rejeição a essa figura, enquanto outro, nas sombras, sabotava a minha candidatura, afirmando que ela seria indeferida pelo Tribunal Regional Eleitoral, inclusive apontando, com convicção absoluta, qual seria o placar. Bem, ganhamos a eleição, eu e meus 1.953.188 eleitores, e a minha candidatura foi deferida por unanimidade de votos tanto no TRE como no TSE.

Não ignoro que a democracia brasileira está fragilizada e que os adversários do atual governo Lula estão sendo perseguidos politicamente. O próprio presidente tem feito declarações absurdas, como a de que não descansaria enquanto “não f* o Moro” ou de que “essa gente tem de ser extirpada”, referindo-se, nessa última ocasião, a pessoas que cometeram excessos em protesto, mas que devem ser punidas na forma da lei e não exterminadas conforme o desejo presidencial. O fato é que, neste momento, passados seis meses de governo, já ficou claro que Lula não é um democrata. Sua admiração por ditadores denuncia o que verdadeiramente pensa. Longe de apostar em pacificação, investe na polarização política, repetindo a lógica amigo/inimigo.

Neste cenário, é claro que aqueles que se opõem de verdade ao atual governo federal encontram-se em risco, sejam políticos, com ou sem mandato, jornalistas, empresários ou mesmo o cidadão comum. A pretensão do governo de regular e censurar as redes sociais é mais um exemplo. Busca-se a conformidade, com a supressão do dissenso; então, propor ações judiciais para cassar mandatos de adversários políticos passa a ser uma ação natural e não uma afronta ao eleitor e à democracia.

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Convidei Maria Corina Machado, a líder da oposição democrática na Venezuela, para falar em audiência no Senado Federal a fim de que ela esclareça a situação da ditadura de Maduro. Lutar pela democracia na América Latina, além de ser um dever moral, joga luzes no que pode acontecer aqui se persistirmos com a naturalização da censura e perseguição política no Brasil. A Venezuela também pode ser aqui, embora pareça no momento algo distante.

Continuarei a fazer oposição ao governo Lula e a denunciar a escalada autoritária. Tenho confiança não só na correção da Lava Jato como na retidão da campanha eleitoral. Não antecipo resultados da Justiça Eleitoral porque seria ofensivo aos magistrados e eu, ao contrário de meus adversários, respeito a instituição. Mas, repetindo Twain, não acredito honestamente que meu mandato já tenha sido cassado, mas prometo fazer uma investigação rigorosa e comunicar de imediato ao público se me descobrir morto. Ao contrário de Twain, não posso prometer ficar até a próxima passagem do Halley (2061) e certamente estarei longe da política até então, mas pretendo, nos oito anos de meu mandato, honrar os votos que recebi dos eleitores paranaenses e persistir lutando pela democracia e contra a corrupção e fazendo oposição a esse desastroso governo Lula, o que é quase a mesma coisa.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]