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Realizado o primeiro turno das eleições municipais, os resultados alcançados pelo PT no país não geram motivos para comemorações de seus afiliados. Apesar de um modesto aumento do número de prefeituras, de 179 para 248 (considerando só o primeiro turno), o PT não ganhou em nenhuma capital. No segundo turno, disputa somente quatro capitais, mas tem chances melhores de vitória em apenas uma. No nível regional, o partido também não foi exatamente um sucesso. Por exemplo, no ABC paulista, berço histórico do PT, o partido não foi vitorioso em nenhuma cidade e conseguiu apenas colocar dois candidatos no segundo turno. Em São Bernardo do Campo, terra natal do sindicalismo petista, está fora do segundo turno. O crescimento numérico modesto acima apontado é muito pouco para um partido que ocupa a Presidência da República.
O PT tampouco foi bem-sucedido nas eleições no Paraná. Conseguiu as prefeituras de três cidades pequenas – São João do Triunfo, Santa Maria do Oeste e Paraíso do Norte – e não chegou ao segundo turno em nenhuma cidade. Emblemático foi o caso de Guarapuava. O candidato do PT liderou as pesquisas durante toda a campanha. Ao fim, a cidade se uniu para derrotá-lo. Nosso candidato do União Brasil, Samuel Ribas, desistiu na véspera da eleição e prestou apoio ao candidato do PL, a fim de viabilizar a vitória da direita na cidade, já que ali não haveria segundo turno. O gesto de abnegação foi crucial, pois o candidato do PL, Denilson Baitala, foi eleito com 37.180 votos contra 37.119 do candidato do PT – uma diferença de 0,06%, o que corresponde a apenas 61 votos.
É de se questionar se o PT conseguirá sobreviver após o fim do atual mandato do presidente Lula. No Paraná, no momento, o PT sobrevive por aparelhos
Foi também eloquente a ausência de candidatos do PT em alguns dos maiores colégios eleitorais do estado. Ciente de sua fragilidade, o PT não lançou candidatos a prefeito em Curitiba, Ponta Grossa e Foz do Iguaçu, preferindo apoiar candidatos de outras siglas da esquerda. Ainda assim, nessas cidades, os candidatos apoiados pelo PT nem sequer foram bem-sucedidos.
Não escrevo esse artigo para tripudiar de ninguém. Eleições são difíceis. É inegável, porém, o fato de que o PT naufragou nas eleições no Paraná e no resto do país, especialmente tendo presente que o partido ocupa a Presidência da República. O que deveria ser um fator de força atuou provavelmente ao contrário, já que o governo federal tem visto decrescer suas taxas de aprovação, incrementando a desaprovação do PT. No Paraná, devido ao maior conservadorismo do eleitorado e ao fato de o estado ser berço histórico da Lava Jato, que revelou a corrupção nos governos do PT, a fragilidade do partido mostrou-se ainda maior. Nesse contexto, é de se questionar se o PT conseguirá sobreviver após o fim do atual mandato do presidente Lula. No Paraná, no momento, o PT sobrevive por aparelhos.
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Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos