Lula se aproxima da metade do seu terceiro mandato presidencial. É muito difícil vislumbrar com facilidade algum projeto ou legado concluído até o momento. A bem da verdade, também não se vê com facilidade algum legado ou conquista dos dois primeiros mandatos.
Até mesmo antigos aliados, como Mangabeira Unger, reconhecem que Lula não deixa legados (“o legado institucional de Lula é zero”, disse ele). Serão, ao todo, 12 anos na presidência, dos quais transcorreram 10 até o momento, e nada.
O Brasil melhorou desde o primeiro mandato de Lula, iniciado em 2003? Avançamos institucionalmente? Os costumes políticos melhoraram? O país deu um salto no desenvolvimento econômico? O país avançou? Receio que todos responderiam essas questões ou negativamente; mesmo os apoiadores dariam respostas dúbias.
Entre acertos e erros, os governos Temer e Bolsonaro parecem ter sido bem melhores.
Até mesmo antigos aliados, como Mangabeira Unger, reconhecem que Lula não deixa legados
De todo modo, o atual governo Lula ainda não disse a que veio. A economia está crescendo, mas por causa de gastos públicos exagerados e do crescimento da dívida pública. Esse tipo de crescimento anabolizado já conhecemos; ele não é sustentável e acaba em uma recessão. Os juros estão elevados por causa do descontrole fiscal, o que inibe o investimento privado. A inflação deste ano já está acima da meta, gerando incertezas para o futuro.
Para educação, saúde e segurança pública, não se vislumbram avanços com facilidade. Na educação, o governo Lula se destacou por tentar revogar a reforma do ensino médio do governo Temer. Já o Ministério da Saúde é mais conhecido pelo apagão, com cerca de 58 milhões de vacinas para diversas doenças sendo descartadas porque o governo deixou passar o prazo de validade sem aplicá-las. Na segurança pública, o feito do governo do PT foi deixar o crime organizado crescer sem oposição, pois não se conhece uma iniciativa concreta na área, salvo a cortina de fumaça representada pela PEC da Segurança.
Na área institucional, o governo do PT destacou-se pela retomada desenfreada do loteamento político da administração pública, com 39 ministérios e as estatais, e a tentativa de invalidar a Lei das Estatais aprovada durante o governo Temer. A corrupção recebeu sinal verde com as anulações injustificadas – com a bênção do governo Lula – de condenações da Lava Jato.
O governo Lula focou desde o início na investigação e perseguição dos vândalos do 8 de janeiro e em medidas visando regular as redes sociais e implementar a censura. O exagero dessas ações tem impedido a pacificação do país.
Na área internacional, a agenda de Lula fracassou. A Venezuela está pior do que nunca, mesmo tendo Lula inicialmente adulado o ditador Maduro. Lula antagonizou as democracias ocidentais com suas posições injustas contra a Ucrânia e Israel. O Brasil, sob Lula, não conseguiu se tornar uma liderança na transição energética e o encontro do G20 no Rio de Janeiro ficará mais conhecido pelo descontrole verbal da primeira-dama do que pelas declarações finais.
Na América Latina, Javier Milei atraiu as atenções internacionais, abalando as pretensões de Lula de mostrar-se como a maior liderança regional. Para finalizar, a vitória de Donald Trump nas eleições norte-americanas fragilizou a posição internacional de Lula. Não ajudarão nas relações bilaterais as ofensas infantis proferidas por Lula contra Trump na véspera da eleição.
Devido a um governo fracassado e sem projeto, serão dois longos anos para o país até as próximas eleições. O papel da oposição, mesmo em minoria no Congresso, será o de apontar o fracasso e as contradições do governo e de tentar reduzir os danos até que ele seja substituído.
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