O 8 de janeiro, o plano do golpe – ambos lamentáveis e, até o momento, dissociados – e as investigações decorrentes servem como máscara de oxigênio para um governo Lula que não tem nada a apresentar, salvo retrocesso e fracasso. A economia está aquecida, mas cresce de maneira não sustentável, anabolizada pelo aumento das despesas públicas e pela ampliação dos programas de transferência de renda. Os efeitos colaterais consistem na explosão da dívida pública (aumento de 6,1% do PIB entre dezembro de 2022 e junho de 2024), na elevação dos juros para 12,25% ao ano, e no descontrole da inflação, que deve ser de 4,9% em 2024, acima do limite máximo da meta planejada, 4,5%.
Em outras áreas, o governo não se sai melhor. A segurança pública sofreu, nas palavras do ministro Ricardo Lewandowski, um “brutal corte orçamentário”, e os concursos para as carreiras policiais federais foram “sustados”. Não se conhece nenhum projeto ou ação concreta do governo federal contra a criminalidade. No campo institucional, o governo Lula ficará conhecido pela burla à Lei das Estatais e pela volta desenfreada do loteamento político partidário da máquina.
As condições da economia e das instituições estão em visível processo de deterioração e a paciência popular está se exaurindo
Nesse governo e sob sua silenciosa cumplicidade, foram libertados os ladrões do erário, com as anulações de condenações na Lava Jato. Na saúde, o país vivenciou a perda de milhões de vacinas que venceram sem serem utilizadas, e registra recorde de mortes por dengue. A ministra da Saúde resolveu atribuir a culpa do descalabro administrativo à mudança climática, esquecendo de olhar-se no espelho. Para qualquer lugar que se olha, só se veem fracassos e retrocessos. Mesmo a tão falada reforma tributária virou um monstrengo confuso, cheio de regimes especiais e lobbies, e tão distante da almejada simplificação e redução da carga tributária.
Neste cenário de fracassos, os lamentáveis eventos do 8 de janeiro e a descoberta de um plano de golpe não executado favoreceram Lula. Esses eventos permitiram que Lula posasse como um democrata e colocaram a oposição na defensiva, embora a quase totalidade dos opositores, inclusive eu, não tenha nada a ver com isso. Eles servem, ainda, de distração para o deserto de realizações do governo e, infelizmente, como justificativa inadequada para a restrição das liberdades gerais, como as de expressão e a de crítica, e da própria imunidade parlamentar.
Até quando a distração vai funcionar, não sei; mas ouço, com crescente frequência e intensidade, reclamações contra o governo Lula. Em 2025, ele será submetido a pressão crescente, pois as condições da economia e das instituições estão em visível processo de deterioração e a paciência popular está se exaurindo. Não se enganem, o governo Lula está doente e vai mal.
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