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Sergio Moro

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Os 10 tentáculos de Lula

Lula
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) (Foto: André Borges/EFE)

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Na breve pesquisa de biologia marinha, que fiz para este artigo, descobri que lulas têm dez tentáculos, mais, aliás, do que os polvos. No mundo político, Lula talvez tenha mais tentáculos do que isso, ainda assim o número de dez já é suficiente para este texto.

O primeiro tentáculo de Lula consiste na expansão da máquina pública e da estrutura burocrática. São 38 ministérios, quinze a mais do que tinha o último governo. A expansão não foi acompanhada por qualquer ganho de eficiência.

O segundo tentáculo é a retomada do loteamento político das estatais. O Governo Lula, por meio de partidos satélites do PT, obteve no STF a suspensão de parte da lei das estatais que vedava a nomeação de políticos sem experiência para cargos de direção. Até hoje o plenário do STF não conseguiu decidir sobre a liminar.

Um terceiro tentáculo consiste no capitalismo de Estado. Foram retomados os investimentos em grandes paquidermes albinos e que oportunizaram os escândalos de corrupção no passado, como a Refinaria Abreu e Lima. O Governo tenta retomar o controle da Eletrobrás e novos investimentos duvidosos estão na lista das prioridades, como as eólicas offshores.

O quarto tentáculo consiste na volta do dirigismo estatal na economia, tendo por principal representante a “nova” política industrial. Créditos subsidiados do BNDES, a volta da política dos campeões nacionais, a exigência de conteúdo local, tudo que já deu errado no passado. A indústria nacional precisa de incentivos, mas precisa se modernizar, com sua inserção nas cadeias produtivas globais, e não se fechar. Como se não bastasse, fantasmas como a volta da “indústria naval” reapareceram.

O quinto tentáculo consiste no loteamento político de cargos em empresas privadas, algo que não tinha ocorrido nos governos anteriores do PT. O ex-presidente do PDT, Carlos Lupi, e a ministra da Igualdade Racial, foram nomeados para o conselho de administração da empresa metalúrgica TUPI S/A, já que o governo detém ações da BNDESPAR. Nesta semana, foi noticiado pela imprensa que o governo Lula pressionou acionistas da Vale para que aceitassem o ex-ministro Guido Mantega como novo CEO da empresa. Houve recuo, mas a tentativa fala por si.

O sexto tentáculo é representado pela voracidade fiscal. Saímos de um superávit primário de R$ 54 bilhões em 2022 para um déficit primário de R$ 134 bilhões em 2023, sem ainda computar os gastos com pagamentos de precatórios. Para diminuir o déficit, o governo Lula passou o ano buscando o aumento de impostos e tributos. O Congresso conseguiu barrar algumas dessas iniciativas, mas, infelizmente, não todas. O governo anunciou para breve reformas no imposto de renda para castigar a classe média.

O sétimo tentáculo consiste no esvaziamento do combate à corrupção e na tentativa de reescrever a história dos escândalos de corrupção do PT.

Não existe mais combate à corrupção no Brasil. Ninguém será condenado ou preso por esse crime. Não tem como fazê-lo considerando quem é o presidente do país

A Lava Jato, segundo o Governo Lula, foi uma conspiração do governo norte-americano e o mensalão, uma invenção das elites.

Pelo oitavo tentáculo, o governo Lula age por delegação. Fortalece os sindicatos amigos por meio do restabelecimento da obrigatoriedade da contribuição sindical. Financia o MST que, por sua vez, ameaça os proprietários rurais com invasões e violência.

O nono tentáculo estende-se para fora do país, com o Brasil se afastando das democracias ocidentais, como os Estados Unidos e os países europeus, e se aproximando no eixo autocrático representado pela China e Rússia. As posições assumidas pelo Brasil contra Ucrânia e Israel são vergonhosas, ainda mais a última porque é manchada de antissemitismo. A aproximação de Lula com Maduro na Venezuela é outro motivo de vexame internacional. O Brasil deixou de ser um parceiro internacional confiável para as democracias liberais.

O décimo tentáculo é político e consiste na aposta da polarização. Lula assumiu com o discurso de pacificação e estabilização. Ele logo foi abandonado pelo desejo de eliminar os adversários políticos e pela tentativa de reescrever a história. Talvez até haja um sentimento de vingança, mas a continuidade da polarização aparenta também ser uma estratégia política para dificultar a oposição mediante a demonização dos adversários. Lula quer se apresentar como salvador da democracia. Não é e nunca será.

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