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Gravado no Brasil, álbum mostra a forte influência “exterior” que o pianista e arranjador adquiriu

Quarenta anos sem o Brasil nosso de cada dia! No estrangeiro, como diziam e dizem os interioranos. Nós! Vinha vez ou outra,passava “batido”. Não subia aos palcos.

Nesse ano, não escapou do produtor Pedro Seiler, que se empenhou para quebrar o jejum de tantos anos sem gravar… no Brasil.Tanto fez e Eumir Deodato teve as apresentações no Rio de Janeiro, mais precisamente nos dias 3 e 4 de abril, na Sala Cecília Meireles, registradas.

Mister Deodato põe na roda o seu “Ao Vivo no Rio”. Com trio. Ele gosta de tocar em trio. Aos seus teclados, juntaram-se Marcelo Mariano (baixo), Renato “Massa” Calmon (bateria). Gravadora Biscoito Fino.

Funk, samba-jazz. Brasileiro de origem, sotaque internacional, Deodato. Instrumental.Lá pelas tantas um “muito obrigado”. O som,né?

Aí é que está: autoproclamado arranjador e não um pianista, Eumir interpreta composições próprias, mas de um jeito assim… Assim, quero dizer, para embevecer platéias.

É um extraordinário músico, quem há de negar!? O que lhe restou de brasilidade? Pouca coisa. Cada um tem mais que respeitar a pátria de onde se tira o pão, de onde se faz o chão. Sonoridade circular, embora convincente e eficaz do ponto de vista técnico.Instiga sim.

Música é universal, chavão! Eumir é universal! Portanto, a musicalidade está apontada para todos os lados.Desde 1967, incentivado por Luiz Bonfá, mudou-se para os EUA. Consagrou-se! Fez-se permanente.

Traduziu-se em notas através de arranjos para Frank Sinatra, Aretha Franklin, Tony Bennett e outros figurões. Foi gravado por George Benson e Sarah Vaughan. Compôs até trilhas para filmes hollywoodianos.

Tem dedo dele em arranjos de alguns discos da Bjork. Breve biografia, assim, só para dar um toquezinho a uns e outros.


“Ao Vivo no Rio” contém canções próprias e releituras de Tom, Vinicius e Baden Powell

Tá, “Eumir Deodato Trio – Ao Vivo no Rio”!! Treze faixas. Abre com “Whistle Bump” (dele), som retro, década de 70. Gostosa. Dialoga bem com os músicos, às vezes abre brechas bacanas para que cada um possa mostrar-se melhor.

Temas autorais, vez ou outra, procuram improvisos jazzísticos, alguns sem destacáveis enlevos. “Carly & Carole”, bons contrastes timbrísticos.

“Berimbau” (Baden Powell- Vinicius de Moraes).Essência brasileira,levada para gringo gostar. O suingue acetinado mostra a distância de Emir do… Brasil. Ou, se prefeirem, da proximidade com a universalidade dos sons.

Tom Jobim está em quatro faixas: “Dindi” (com Aloysio de Oliveira), “Samba de uma Nota Só” (com Newton Mendonça), “Wave” e “Sabiá” (com Chico Buarque).

Nessa última, vai por mim, aperte o repeat do CD Player. Eumir Deodato, talvez movido pelas reminiscências, toca profundamente.

Pode parecer purismo da minha parte. Não é! “Ao Vivo no Rio” tem técnica, aliterações sonoras, maneirismos, virtuosismo,entrosamento. De tudo um pouco tem.

Tem, obviamente, “Also Sprach Zarathustra”, cujo arranjo para obra de Richard Strauss, transformou-se em tema do filme “2001:Uma Odisséia no Espaço” (de Stanley Kubrick). Ganhou até Grammy na categoria “pop rock”… Arranjo diferente no disco.

Mister Deodato faz música para o mundo. World Music. Mas – independente da ausência de brasilidade ou dos acréscimos de exteriores – falta ao disco um certo condimento.

Alto teor de qualidade, sim! Mister Deodato tem um jeito particular de estofar canções. Seus toques têm apelo universal, não é? Consequentemente agrada a meio mundo. Deve ser bom agradar a muitos. Se assim for, “Ao Vivo no Rio” é muito bom…

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