Pés descalços, Maria vai às rosas. Vermelhas. Pétalas e mantos encarnados à disposição da senhora de longos cabelos e voz de sinônimos tantos, que leva neste sábado (dia 5 de dezembro)- ao Teatro Guaíra de Curitiba – “Amor, festa, devoção”. Título do novo espetáculo, a significância dos esforços empreendidos em 45 anos de caminhada – há tantas informações contidas neste percurso!
“Amor, festa, devoção” se desenvolve em clima sereno.Intimista, melhor dizendo. Menos ou mais enfática, Bethânia há de produzir faíscas pois assim rosa Claríssima verbalizou e conjugou. Desde então, Maria virou estrela – não a condição, a metáfora. Sendo assim, o espetáculo abre-se mais a espaços e silêncios para Maria Bethânia abordar o Brasil interiorano, urbano quando muito e solar por extensão. Religioso nos sussurros das preces ou nos folguedos.
“Minha voz é tua, minha senhora”, dirá Bethânia em determinado momento do espetáculo. “Amor, festa, devoção” é dedicado a Dona Canô, centenária matriarca da Bahia. “São palavras que me dão norte e que têm como subtexto a fé, a esperança e a caridade, características fortes em minha mãe”, declarou Bethânia no material de divulgação. “Isso explica a energia e o seu espírito para com a vida, os seus 102 anos… Tudo isso são aprendizados para mim. Só agora consigo traduzir em música, intenção e gesto tudo que ela representa para mim”, complementa.
O maestro Jaime Alem, claro, estará ao lado dela empunhando violões, viola e guitarra. Sob a regência: Jorge Helder (baixo e violão), Carlos Cesar (bateria e percussão), Marco Lobo e Reginaldo Vargas (percussão) e Vitor Gonçalves (piano, acordeom e violão). Bia Lessa novamente na direção. Desta vez, a iluminação ficou por conta de Lauro Escorel. Quadros com fotos de Anna Mariana estarão pelo cenário mostrando fachadas de casas populares do interior nordestino.
O roteiro – alinhavado com Fauzi Arap – contém 35 canções. Isso se nenhuma se desfolhou no meio do caminho. Ainda consta, no repertório de cena, “Pronta pra cantar” (Caetano Veloso) ? Bethânia ainda lê algumas outras ou a memória já abarcou “Linha de caboclo”? Há de incidir Bruno e Marrone (“Vai dar namoro”) no universo de Zezé di Camargo? Haverá compreensão – informação – por parte da plateia para “Balada de Gisberta”, do cantor e compositor português Pedro Abrunhosa, precedida por “Drama” é uma homenagem à travesti brasileira Gisberta (ou Gisberto Sauce Neto) assassinada por um grupo de adolescentes em terras lusitanas, em 2006. Emocionante!
A intérprete baiana vai sussurrar “Queixa” ao pé do ouvido de quem interessar possa? Quais canções advindas de “Tua” e “Encanteria”, discos do amor e da fé, respectivamente, lançados recentemente, já estão na boca e no coração das pessoas? “Você perdeu” (Márcio Valverde – Nélio Rosa), eis uma das possíveis empatias. Três textos, dois dela e um de Waly Salomão – “Olhos de lince”.
Há muitas cores e luzes em torno dela. Eu sei, sabemos. Mas há quem saiba mais da rosa e até ofertou um ramalhete de trezentas e tantas pétalas a ela. Fará falta. Muita! Há de virar estrela de todas figuras de linguagem – eu vejo na tela ou sobre as madeiras sagradas. Em meio aos vermelhos concedidos, Maria há de celebrar o ato da rosa eterna. Ave, Maria!
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* Algo a dizer sobre Maria Bethânia? Alguém assistiu ao show? Espaço aberto
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SERVIÇO
*Amor, festa, devoção – espetáculo com Maria Bethânia, em Curitiba. Produção: Verinha Walflor. Mais informações clique aqui
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